São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Empresas querem usar mangue

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DO ENVIADO ESPECIAL

Os donos das fazendas de camarão no Nordeste dizem que a proibição de exploração de mangues para o cultivo de camarões limita a atividade no Brasil.
``Temos a maior área de manguezais do mundo (2,5 milhões de ha), mas o cultivo de camarões ocupa apenas 2.000 ha", afirma Itamar de Paiva Rocha, da ABCC.
Ele compara o Brasil com outros países, como o Equador, que explora 100 mil ha dos seus 120 mil ha de manguezais, produzindo 100 mil t de camarões.
Rocha defende a liberação para o cultivo de áreas de salinas e antigos viveiros de camarões que, após serem desativados, retornaram à condição de mangue.
Mas países como a Tailândia e o Equador, entre os principais produtores mundiais, enfrentam hoje problemas com a poluição das águas, provocada pelo excesso de fazendas nos estuários.
``O governo precisa planejar conjuntamente com a iniciativa privada o uso racional dos mangues, definindo as áreas passíveis de cultivo", diz Werner Jost, dono da Camanorte.
No Equador, o excesso de fazendas de camarão aumentou muito a quantidade de matéria orgânica presente na água.
As toxinas proliferaram, causando o aparecimento de doenças.
Em Canguaretama, quatro fazendas foram instaladas em salinas abandonadas, junto ao estuário, que liga o rio ao mar.
Outras seis salinas voltaram à condição de mangue.
``A legislação sobre manguezais é idiota. Não se pode dizer que o mangue é intocável", afirma Sávio Vieira, presidente da Marine.

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