São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Bispo culpa também governo por agressão

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

O arcebispo do Rio, d. Eugênio Sales, disse ontem que o governo federal também é, em parte, responsável pela agressão feita em programas da TV Record a uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Ele lembrou que TV e rádio são concessões públicas. Disse ainda que está sendo pensado um ato público de desagravo à santa.
A TV Record pertence à Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). A compra da TV foi aprovada durante o governo Itamar Franco (leia texto nesta página).
A agressão à imagem ocorreu na última quinta-feira, durante os programas ``Despertar da Fé" e ``Palavra de Vida"
O responsável pela agressão foi o bispo Sérgio Von Helder, que deu chutes e socos em uma imagem de Nossa Senhora.
``Ninguém, até agora, havia lembrado o papel do governo, que também tem sua responsabilidade ao permitir concessões para pessoas que não estão preparadas para isso", afirmou d. Eugênio.
D. Eugênio reagiu com cautela ao pedido de desculpas pela agressão feito anteontem pelo fundador da Universal, bispo Edir Macedo. O arcebispo do Rio disse peferir aguardar ``atos concretos".
Ele disse que um jornal da Universal publicou reportagem dizendo que um bispo católico de Goiânia era homossexual. De acordo com d. Eugênio, só no fim do texto era dito que ele não era da Igreja Católica Apostólica Romana.
A Folha telefonou ontem à tarde para o pastor J. Cabral, diretor-superintendente da ``Folha Universal", jornal que pertence à igreja. Sua secretária disse que ele não poderia atender à ligação.
O arcebispo afirmou que hoje será discutida a possibilidade de um grande ato de desagravo a Nossa Senhora. O ato, segundo ele, poderá ser realizado no Maracanã ou na catedral metropolitana.
D. Eugênio afirmou ter um ``receio longínquo" de que a agressão possa gerar outros episódios de conflito entre católicos e fiéis da Universal. Anteontem, integrantes das duas igrejas se enfrentaram em Olaria, na zona norte do Rio. ``Desde o início, venho insistindo na necessidade do perdão", disse.
Até as 20h, O Ministério das Comunicações, responsável pela concessão na área de radiodifusão, não havia se pronunciado sobre a fala de D. Eugênio.

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