São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Vagão feminino em trem fracassa no 1º dia

ALESSANDRA BLANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 18/10/95
Mapa publicado à pág. 3-2 ( São Paulo) da edição de ontem continha erros. Veja acima o mapa correto.

Obs: Mapa (título: Linha Santos-Jundiaí) na seção Erramos (pág. 1-3) da data acima.
A tentativa de separar homens e mulheres em vagões diferentes nos trens da linha Santos-Jundiaí da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) não deu certo ontem, primeiro dia de implantação do projeto.
Os dois primeiros vagões dos trens seriam preferencialmente dedicados a mulheres, crianças e idosos, no sentido Santos-Jundiaí. No sentido contrário, as mulheres ficariam com os dois últimos.
Os homens deveriam circular só nos demais vagões. Mas, na manhã de ontem, eles usaram os vagões separados para mulheres.
Apesar do nome, a linha vai de Paranapiacaba (a cerca de 75 km de SP) a Jundiaí (a 60 km de SP). Segundo o diretor de operações da CPTM, Telmo Giolito Porto, 40, o índice de adesão foi maior em Mauá, Santo André e São Caetano do Sul, no ABCD (Grande SP), onde a adesão chegou a 60%.
Em São Paulo, o número de homens e mulheres nos dois primeiros vagões era quase o mesmo. Segundo Porto, isso ocorreu porque o projeto nasceu em Mauá e teve mais divulgação no ABCD.
O projeto, inédito no Brasil, surgiu após denúncias de que mulheres teriam sofrido molestamento sexual dentro dos trens (leia texto nesta página).
O Clube de Mães de Vila Falchi, em Mauá (a 29 km de SP), conseguiu 4.661 assinaturas pedindo a criação de vagões separados.
A CPTM e as integrantes do Clube de Mães acreditam que a adesão deva aumentar nos próximos dias devido a uma campanha.
Estão sendo distribuídos folhetos nas estações. Há adesivos explicando a preferência de mulheres na utilização dos dois primeiros vagões e o sistema de alto-falantes das estações pede que os homens utilizem apenas os últimos vagões.
O lema é "Respeito é bom e todo mundo gosta". Ontem, das 4h às 12h, foi registrada a destruição de 20% dos adesivos colocados nos vagões pela CPTM. Os trens funcionam das 4h à meia-noite.
Não há fiscalização, pois, de acordo com o artigo 5º da Constituição (igualdade entre homens e mulheres), a CPTM não pode impedir a entrada dos homens nos primeiros vagões.
Um problema apontado pelos homens que usavam ontem os trens é que os vagões escolhidos para as mulheres são os que ficam mais perto das escadas de saída.
"A maioria dos homens pega esse vagão porque fica mais fácil para descer", disse o apontador Josimar da Silva, 21, que não pretende mudar de vagão.
Segundo Telmo Porto, a escolha dos vagões foi aleatória. "Apenas separamos dois vagões porque corresponde ao número de mulheres que pegam trens (30%")."
Porto diz que a saída nas duas primeiras portas é facilitada só na estação da Luz (centro de SP).

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