São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Calotes continuam em queda no comércio

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A inadimplência (atraso no pagamento) do crediário caiu 5% na primeira metade deste mês em relação a igual período de setembro.
Entre os dias 1º e 15 de outubro, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registrou 67.463 carnês com prestação atrasada há mais de 30 dias.
Na primeira quinzena de outubro, havia 71.069 crediários nessa situação.
``Os índices de inadimplência estão recuando mais lentamente neste mês", diz Emílio Alfieri, economista da entidade.
Setembro fechou com queda de 18,6% no volume de crediários com prestações atrasadas sobre agosto. Foram 153.638 registros em setembro, contra 188.745 em agosto. A perspectiva para outubro, segundo a ACSP, é de um recuo menor.
O fato de a inadimplência ter caído mais lentamente neste mês, diz Alfieri, revela que a situação do calote ainda não se reverteu totalmente.
Segundo ele, o que provocou uma queda mais acentuada em setembro foram as medidas de flexibilização dos depósitos compulsórios implementadas pelo Banco Central (BC) no mês passado.
Como o BC não prosseguiu na flexibilização, a velocidade de queda nos índices de inadimplência diminuiu, explica.
Na comparação com o ano passado, o calote ainda continua em patamar elevado. Segundo a ACSP, o número de carnês em atraso neste mês está 123,2% acima do de outubro de 94.
Não só a inadimplência está recuando em outubro, como o consumidor continua renegociando as dívidas atrasadas do crediário para poder retomar as compras de final de ano.
Segundo a ACSP, 33.878 carnês em atraso foram renegociados na primeira quinzena do mês. Isso representa 11% a mais do que em igual período de setembro.

Reversão
Números da ACSP na primeira quinzena de outubro confirmam que está ocorrendo uma reversão no desaquecimento das vendas do comércio, o que foi detectado em setembro.
Entre os dias 1º e 15 deste mês, a média diária de consultas recebidas pelo SPC, termômetro dos negócios a prazo, está 10,5% maior em relação a setembro. Neste mês o serviço recebeu 37.443 ligações telefônicas, contra 33.870 em setembro.
No Telecheque, indicador das vendas à vista, as consultas aumentaram 10,6% em igual período.
Segundo a ACSP, foram registradas diariamente 42.182 consultas, contra 38.123 em setembro.
Na opinião de Alfieri, um forte indicativo de que o desaquecimento da economia terminou é o fato de o número de consultas estar crescendo na mesma proporção nos dois sistemas.
Para o economista, esse crescimento harmônico revela ainda que não está ocorrendo migração da venda à vista para o crediário e vice-versa.

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