São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Atuação de Rainha já preocupa MST

Direção vê 'culto à personalidade'

GEORGE ALONSO
DO ENVIADO AO PONTAL DO PARANAPANEMA

O deslumbramento do líder dos sem-terra José Rainha Jr. com a mídia preocupa a direção do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O "culto à personalidade" que Rainha parece alimentar já foi motivo de reuniões da entidade. Enquanto o MST busca dar "cara nova" ao movimento, tornando-o mais simpático ao resto da sociedade, algumas práticas de Rainha evoluem em descompasso com essa nova estratégia.
O ímpeto personalista de Rainha provoca incômodo no MST, cuja engenharia interna é baseada nos chamados "coletivos". A entidade não tem presidente.
Além disso, foi mal recebida (embora justificada) a ausência de Rainha na reunião da coordenação nacional há 15 dias, em São Paulo. Isso porque o Pontal é hoje para o MST a vitrine mais luminosa dos sem-terra.
Se por um lado, ao MST interessa manter o tema reforma agrária em evidência e angariar novos adeptos nas zonas urbanas, "criar muitos fatos novos", como faz Rainha, pode jogar por terra esse trabalho de cooptação de novos simpatizantes da reforma agrária.
Há casos de líderes do MST de outros Estados que tentam apagar "incêndios" em suas regiões causados pela repercussão de gestos e declarações de Rainha.
Isso, porém, não significa um "racha" no MST. Rainha está no Pontal porque foi designado para lá estar. Não se concebe "queimar" uma liderança histórica, não só porque o MST sempre procura vender imagem de coesão, mas também porque Rainha e a direção do MST comungam das mesmas idéias.

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