São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Bispo errou ao expor prática interna na TV

FERNANDO DE BARROS E SILVA
ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU

A cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus acertou no marketing mais uma vez ao decidir "exilar" o bispo Von Helder, autor do chute à imagem de Nossa Senhora Aparecida, transmitida pela TV no dia 12 de outubro.
A avaliação é do sociólogo Ricardo Mariano, 31, estudioso das igrejas neopentecostais desde 88, quando começou a fazer mestrado pelo Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo.
Segundo Mariano, o grande "pecado" de Von Helder foi ter mostrado para o público externo, via televisão, uma prática de tipo agressivo que a Universal cultiva com frequência internamente, durante os cultos para seus fiéis.
"Nos cultos da Universal é comum ver os obreiros (ajudantes dos pastores) quebrarem, esmurrarem e chutarem santos e objetos de adoração de outras religiões, levadas a eles por fiéis que têm medo de se desfazer daquelas imagens sozinhos em casa", diz Mariano.
O "deslize" de Von Helder foi ter "confundido" discurso "público e privado", exatamente no momento em que a Igreja Universal está planejando se expandir investindo em obras de assistência social para melhorar sua imagem.
Convidado da 19ª reunião anual da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Socias), que começou ontem em Caxambu (MG), Mariano fala hoje sobre o vínculo entre os neopentecostais e a teologia da prosperidade (ligada ao dinheiro e à promessa de felicidade terrena).
Apesar do desgaste sofrido pela Universal, Mariano não acredita em perda de fiéis nem na "guerra santa" anunciada pela mídia.

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