São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Oliveira convoca astros para 'Convento'

CÁSSIO STARLING CARLOS
DA REDAÇÃO

Em "O Convento" o diretor português Manoel de Oliveira convocou os astros John Malkovich e Catherine Deneuve numa estratégia de sedução do grande público.
Malkovich interpreta um pesquisador com afã de eternidade. Ele chega a um convento em Portugal, acompanhado da mulher Hélène (Deneuve), em busca de documentos que comprovem a tese de que Shakespeare era espanhol.
Lá é recebido por um mefistofélico anfitrião (o genial Luis Miguel Cintra), que tenta seduzir Hélène oferecendo em troca a inocência de Piedade (Leonor Silveira).
A soberba e a luxúria atuam como forças inoculadas no espaço austero da religiosidade. O mundo se converte em teatro onde se joga o drama entre o bem e o mal.
A obsessão de Oliveira pelas origens -persistente em seus filmes, que podem ser lidos como uma enunciação da essência teatral e literária do cinema- busca aqui o foco longínquo onde a moral constituiu a cultura.
Depois de uma desaparição no interior de uma floresta jurássica, a imagem pura de mulher renasce no corpo de Deneuve, transfigurada em Helena de Tróia, pronta para entrar no panteão dos mitos.

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