São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Oja Kodar refaz itinerário de Orson Welles

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Orson Welles talvez tenha sido, antes de tudo, um mágico: esse homem capaz de fazer surgir e desaparecer coisas ao mesmo tempo em que transporta a platéia à infância, a um domínio em que tudo parece possível.
Não por acaso, as primeiras cenas de "Orson Welles: A Banda de um Homem Só", de Oja Kodar (sua mulher, que será jurada na Mostra) e Vassili Silovic, mostram Welles em um número de magia.
Estamos no território da suspensão da descrença, do jogo. Esse o espaço que Welles dominou como ninguém, criando os formidáveis labirintos de "Cidadão Kane", "A Marca da Maldade", "A Dama de Shanghai".
Mas é também o espaço que o vitimou. Pois aquele que mais ensinou ao cinema o caminho da modernidade passou os últimos anos de sua vida sem levar um projeto até o fim, arrastando a fama de excêntrico, nômade, ora fazendo comercial de uísque japonês para levantar dinheiro.
Este documentário com imagens preciosas, por vezes solene em sua concepção, é antes de tudo um belo e triste complemento para "Este É Orson Welles" (ed. Globo), o livro fundamental de Peter Bogdanovich.
Mostra a ruína de um gênio em seus últimos anos de vida, sua luta contra a fama, o azar, o destino. "Orson Welles: A Banda de um Homem Só" é um honesto, por vezes emocionante relatório dessa batalha da exceção contra a regra. Nesse sentido, rima ricamente com o "JLG por JLG, de Godard".

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