São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995 |
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Arquitetos discutem alternativas para locomoção de deficientes
ANDRÉ LOZANO
O evento, promovido pela Prefeitura de São Paulo, acontece até sábado no Sesc Ipiranga (rua Bom Pastor, 622) e conta com a presença de arquitetos, engenheiros e representantes de entidades de defesa dos deficientes físicos. Está em São Paulo para participar do congresso a prefeita da cidade canadense de East Bolton, Joan Westland, também coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Deficiência da Associação Mundial de Lazer e Recreação. Ela abrirá hoje o simpósio com a palestra "A qualidade de vida e a acessibilidade aos espaços de lazer". Em entrevista à Folha, Westland disse ontem que atualmente a arquitetura mais moderna trabalha com o conceito de "acessibilidade ambiental". Ou seja, todas as pessoas que tenham alguma problema de locomoção, temporário ou não, -e não apenas os deficientes físicos- não podem sofrer restrições de acesso aos locais públicos. "A idéia hoje não é fazer o carro, a rampa e o banheiro exclusivamente para uso dos deficientes físicos, o que é uma forma de discriminação. Temos de projetar esses espaços para que possam ser usados também por idosos, crianças, pessoas que estão com a perna quebrada etc.", disse a prefeita, que é deficiente e tem uma prótese no braço esquerdo. "A arquitetura busca desenhos e soluções universais que possam atender a todas as pessoas e não somente àquele rapaz de 1,75m e forte. É a idéia da integração ambiental. As portas eletrônicas dos aeroportos e shoppings são um exemplo dessa solução universal. Todas as pessoas, e também os deficientes, as usam frequentemente", afirmou Westland. Ela disse que em Toronto e Quebec (Canadá) estão se expandindo os conjuntos residenciais de alto padrão, projetados sob conceito da acessibilidade universal, denominados "living houses". Os apartamentos desses conjuntos são projetados de forma que o banheiro, o chuveiro, os armários da cozinha, o fogão e os interruptores de luz possam ser mudados de posição para atender, tanto a pessoas normais, como aquelas portadoras de alguma deficiência. Para o professor de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, Marcelo Pinto Guimarães, todas as cidades devem possuir uma comissão que estudaria, em conjunto com a prefeitura, as soluções de acessibilidade a ruas e órgão públicos. Segundo estimativas da ONU, 10% da população do Brasil possuem algum tipo de deficiência física, ou seja, cerca de 15 milhões de brasileiros. Texto Anterior: Arquitetos se concentram na Vila Madalena Próximo Texto: Governo quer criar 'trabalho educativo' Índice |
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