São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
Texto Anterior | Índice

Brasileira será libertada em dias, diz Arafat

ROGÉRIO SIMÕES; ANDRÉ FONTENELLE
ENVIADOS ESPECIAIS A BRASÍLIA

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, 66, disse ontem de manhã, durante encontro com membros da comunidade palestina no Brasil, que a brasileira Lamia Maruf Hassan, 31, deverá ser libertada "nos próximos dias".
Lamia (pronuncia-se "Lámia") cumpre prisão perpétua na Cisjordânia (ocupada por Israel) condenada pela participação na morte de um soldado israelense em 1984.
Arafat disse que a libertação da brasileira foi garantida pelo chanceler israelense, Shimon Peres, em encontro mantido entre os dois no último domingo, em Taba, Egito.
"Ele (Peres) me disse: eu sei que o senhor visitará o Brasil e posso lhe dar a notícia de que, nos próximos dias, Lamia será libertada", afirmou Iasser Arafat, em Brasília durante seu primeiro discurso na rápida visita ao Brasil.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina demonstrou estar confiante na libertação da brasileira e chegou a brincar com o assunto. Disse que preferia que ela ficasse com ele, na Cisjordânia, em vez de voltar a viver no Brasil.
Antes do discurso, Arafat teve seu primeiro encontro com a família de Lamia Maruf Hassan.
Logo que chegou ao salão do hotel Carlton, onde foi servido o café da manhã para políticos e membros da comunidade palestina, Arafat abraçou e beijou a mãe da brasileira, Fátima Maruf, 60, o pai, Maruf Hassan, 65, e a irmã Najah Maruf Hassan, 18. Fátima e Najah não esconderam a emoção e choraram durante o encontro.
A mãe de Lamia entregou a Arafat uma corrente dourada e uma medalha com a imagem de Jerusalém, compradas em visita à cidade. Ela disse que o presente era para a filha de Arafat, Zahua.
À tarde, houve boatos de que a brasileira já teria sido libertada. Na cerimônia em que foi homenageado pela comunidade palestina, no Clube do Exército, às 13h, o próprio Arafat chegou a divulgar que Lamia já estava em liberdade.
No final da tarde, uma jornalista que participava da cobertura da visita de Arafat disse ao pai de Lamia que havia confirmado com o Ministério das Relações Exteriores que a brasileira estava livre.
A mãe de Lamia chegou a desmaiar. Fátima percebeu que Arafat estava retornando para o hotel Carlton, perto de onde ela estava hospedada. Ela foi ao encontro do líder palestino e o abraçou, agradecendo pela libertação da filha.
O Ministério das Relações Exteriores negou que tivesse dado alguma informação sobre a libertação da brasileira.
A mãe de Lamia só soube que a informação estava incorreta depois que falou, por telefone, com sua filha mais velha, Izieh Maruf Hassan, 41, que vive na Cisjordânia.

Natal em Belém
Arafat disse que a cidade de Belém, na Cisjordânia, considerada o local onde Jesus Cristo nasceu, deverá estar sob administração palestina no Natal deste ano. Shimon Peres teria prometido a ele a desocupação da cidade pelas tropas israelenses até 18 de dezembro.
As comemorações do Natal na cidade de Belém têm sido prejudicadas nas últimas décadas por causa dos conflitos entre árabes e israelenses. Ela é considerada sagrada para cristãos e muçulmanos, mas não para os judeus.

Texto Anterior: Ofensiva mata 61 no Sri Lanka; Zâmbia pode deportar ex-líder; Turquia tem governo provisório; Francesa é a pessoa mais velha do mundo; Japão protesta contra espionagem da CIA; Iraque faz eleições parlamentares em 96; Chile rejeita novo recurso de Contreras; Acusado de atentado à Amia é condenado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.