São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995 |
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O espírito da coisa Alguém deve de ter segredado outro dia aos ouvidos do ditador iraquiano, Saddam Hussein, que democracia é bom e poderia ajudar a limpar a imagem do país no exterior. Saddam gostou da idéia e a aprovou. Só que ele não pegou direito o espírito da coisa. Ninguém lhe explicou que, numa democracia, não se pode proibir a oposição de fazer campanha. Também não lhe contaram que "pega mal" excluir do referendo as três províncias em que ele não ganharia, porque cometeu a indelicadeza de jogar armas químicas contra as populações dessas províncias um pouco mais rebeldes. Também o resultado do referendo -99,96% da população decidiu mantê-lo no poder por mais sete anos- causa uma certa estranheza. Como é que 0,04% do povo pôde dizer não ao grande líder, que tem sabido conduzir o país tão bem, perdendo duas guerras e impondo um embargo internacional ao país? Daqui a sete anos, quando deve acontecer um novo referendo, espera-se que Saddam, se ainda estiver no poder, já tenha pegado o espírito da coisa e não transforme o que deveria ser uma consulta popular numa piada. Texto Anterior: A marcha dos negros Próximo Texto: Periférico x essencial Índice |
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