São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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Caneta poderosa; Túneis prioritários; Racismo na propaganda; Intolerância sexual; Retificação; Tradição abalada; Crime e castigo; Denúncia reiterada

Caneta poderosa
"O presidente Fernando Henrique sintetizou com singular crueldade a lógica da reforma administrativa que ele encaminhou ao Congresso: 'A caneta que nomeia é a que demite'. Infelizmente, parcela significativa dos 'formadores de opinião' insiste em martelar que essa prática é um grande avanço para a administração pública."
Wilson Torrente (São Paulo)

Túneis prioritários
"O artigo de Clóvis Rossi de 11/10 põe a limpo a prioridade que os governos federal, estadual e municipal dão às questões referentes à qualidade de vida do povo paulistano. Enquanto os trabalhadores andam espremidos nos ônibus, trens e metrôs, enquanto as doenças respiratórias se agravam com o monóxido de carbono dos congestionamentos, esses senhores gastam verdadeiras fábulas para construir túneis, avenidas e pontes nas áreas 'nobres', que favoreçam os grandes empreendimentos imobiliários e permitam circular os milhares de carros importados que desaguam nas ruas."
Wagner Fajardo Pereira (São Paulo, SP)

"Foi com grande satisfação que a TAS (Torcida Ayrton Senna) assistiu a inauguração do Complexo Viário Ayrton Senna no último sábado. Além de ser mais um cartão postal para a cidade de São Paulo o túnel, merecidamente, leva o nome de um grande brasileiro, que por diversas vezes soube expressar o quanto amava o Brasil."
Adilson Carvalho de Almeida, diretor-presidente da TAS (São Paulo, SP)

Racismo na propaganda
"Os negros e os afro-mestiços (no jargão da Fundação IBGE, os pretos e os pardos) representam no último censo cerca de 44% da população (mais de 65 milhões de pessoas). Ainda assim, profissionais que estão há 30 anos no ramo publicitário, como Enio Mainardi e outros, acham 'besteira' o projeto da senadora Benedita da Silva, que reivindica a participação de 40% de negros e mestiços de negros nos comerciais! É um direito dos publicitários brasileiros serem 'politicamente incorretos' e, dessa maneira, referendarem as 'mil caras' do racismo brasileiro. Entretanto, soa mal serem 'profissionalmente incorretos'. Apesar das grandes dificuldades econômicas daquele enorme contingente populacional de 44% é inacreditável imaginar que não absorva uma parcela considerável do PIB."
Helio Santos, pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro da USP (São Paulo, SP)

Intolerância sexual
"A propósito do artigo do padre Trasferetti na Folha de 5/10, o leitor Oliveira Faria lembra ironicamente que a Bíblia condena a homossexualidade. Convém lembrar que a Bíblia também defende a escravidão, o olho por olho e a inferioridade das mulheres, entre outros arcaísmos. Portanto, para levar as prescrições bíblicas até as últimas consequências, conviria sair por aí matando os inimigos ou, sob pretexto de idolatria, chutar imagens de santas, como vimos recentemente. Ocorre que a palavra divina saiu pela boca dos humanos, cujos costumes mudam. Ao contrário da antiguidade bíblica, nas sociedades modernas pluralistas atitudes como chutar imagens ou escarnecer de homossexuais têm um nome: intolerância, seja ela religiosa ou sexual."
João Silvério Trevisan (São Paulo, SP)

Retificação
"Tendo lido na edição de 28/9 informação procedente de Brasília sobre laboratórios em situação irregular frente ao Ministério da Saúde, informamos que a presença do nome do Laboratório Leivas Leite é improcedente e errônea. Estamos absolutamente dentro das exigências daquela repartição pública. O Laboratório Leivas Leite constou da relação sorteada aleatoriamente dos primeiros 150 laboratórios a serem fiscalizados e foi constatada a sua cabal condição de adequação à legislação vigente, conforme relatório de inspeção datado de 6/3/95."
Pedro Antonio Leivas Leite, diretor-presidente da Leivas Leite S.A. - Indústrias Químicas e Biológicas (Pelotas, RS)

Tradição abalada
"Sobre a reportagem publicada no dia 12/10 com o título 'Prova habilita 170 médicos a usar técnicas de acupuntura': a acupuntura vem sendo praticada há 5.000 anos com grande eficácia, utilizando-se dos princípios da filosofia oriental. Os médicos começaram a aprender a acupuntura há 15 anos com professores não-médicos, passaram a aceitar apenas os aspectos científicos da acupuntura surgidos há apenas 25 anos e querem jogar fora todo o embasamento filosófico de 5.000 anos. Vão assassinar a verdadeira acupuntura."
Duk Ki Kim, presidente da Confederação Nacional de Acupuntura e Terapias Afins (São Paulo, SP)

Crime e castigo
"Gostaríamos de ver tratado o assunto da liberdade de imprensa sobre o viés da impunidade que impera no mau jornalismo, pois consideramos que o mesmo deva ser punido com multas significativas, tanto para o jornalista quanto para o veículo de comunicação. É importante também instituir a retratação pública como norma e que a mesma tenha no mínimo a 'centimetragem' utilizada na divulgação da informação contestada. Defendemos que o jornalista possa preservar o sigilo da fonte, mas deverá assumir a responsabilidade pelas informações divulgadas. Aproveitamos também para fazer uma crítica à edição de 8/10, pág. 1-18: 1) o que vocês pretendiam com o título da reportagem? 2) Alguém da Folha sabe que o incesto é crime? 3) A quem interessa a suposta 'salvação da extinção'?"
Mauro Alves da Silva, diretor-presidente do Grêmio S.E.R. Sudeste (São Paulo, SP)

Denúncia reiterada
"Enaltecemos a louvável iniciativa desta Folha em reiterar em 31/8 denúncias feitas pelo líder da bancada do PT, deputado Rui Falcão, 68 dias antes, sobre discriminação praticada pelo secretário-chefe da Casa Civil, Robson Marinho. A Folha, talvez apostando na falta de memória, resolveu publicar a carta em que Robson Marinho encomendava tratamento especial aos deputados que apóiam o governo. Na época, alguns jornais publicaram a denúncia, como a 'Folha da Tarde', que a repetiu, mostrando estar do lado de sua irmã mais velha nessa cruzada do vale a pena ler de novo."
Washington Luiz Araújo, assessor de imprensa da liderança do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo (São Paulo, SP)

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