São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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Advogado diz que família não influi

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Domingos Bernardo Gialluisi da Silva Sá, 54, afirma que jamais tomou alguma decisão referente ao Santo Daime influenciado por seus filhos.
"Não foi porque os meus filhos fazem parte do Daime ou porque tivessem qualquer experiência com a ayahuasca que eu dei um parecer favorável. Foi porque eu dei um parecer favorável é que os meus filhos tiveram um dia participação ou se aproximaram ou chegaram a fazer algum tipo de experiência", disse Silva Sá à Folha na última sexta-feira.
Segundo ele, sua posição sobre a utilização do chá, "longamente refletida e meticulosamente examinada", foi tomada em 1986, quando ainda "não tinha filho, parente ou amigo que tivesse tido qualquer experiência com isso".
Quando seus filhos se aproximaram do Daime, Silva Sá diz que, por uma questão de coerência, não poderia ter impedido. "Seria absurdo eu, que fiz um parecer dizendo que não devia ser proibido para o uso ritual, dissesse aos meus filhos para não ir".
Silva Sá diz não saber se seus filhos ainda integram algum grupo. "Eles são maiores de idade. Eu não fiscalizo a vida deles", afirma o advogado.
Silva Sá também diz que jamais integrou qualquer seita que utiliza o chá alucinógeno, embora tenha experimentado a ayahuasca em visitas de estudo ao Acre e Rio.
O advogado não vê nenhum problema ético de integrar hoje a comissão que vai estudar formas de impedir o uso do chá por parte de menores de idade e de portadores de problemas mentais.
"Não me sinto com nenhum tipo de impedimento para participar dessa comissão", diz.
Representante do Ministério da Justiça no Confen com a designação de jurista, Silva Sá destaca, entre suas obras publicadas, participação como co-autor em "Drogas: É Legal?" (Imago) e "Drogas e Cidadania" (Brasiliense).
A ayahuasca, usada em rituais no Acre desde os anos 20, é obtida a partir da fervura do cipó jagube e de folhas chacrona. Segundo os usuários, causa visões, "revelações" e "encontros com Deus".

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