São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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Autor e diretor consideram novela a melhor parceria

GILBERTO DE ABREU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O autor Silvio de Abreu e o diretor Jorge Fernando, juntos profissionalmente há sete novelas, estão convencidos de que “A Próxima Vítima” é a melhor parceria que fizeram nesse período.
“Fazer 'A Próxima Vítima' foi brincar com um gênero que nem eu nem o Silvio estávamos acostumados. Muita gente não acreditou que uma dupla carimbada pelas comédias fosse conseguir. Pois eu me sinto como o Pelé”, avalia o diretor.
Silvio de Abreu, na lógica futebolística de Jorge Fernando, seria Mané Garrincha, aquele que fez dribles certeiros, apesar das pernas tortas.
“Conseguimos manter o suspense durante toda a novela. No final, apesar do cansaço, vencemos”, comemora.
A vitória foi digna de um clássico de futebol. E pode-se dizer que ocorreu na disputa de pênaltis.
“Os telespectadores levaram 11 capítulos para descobrir quem matou Odete Roitman em 'Vale Tudo' e 50 para desvendar o assassino de Salomão Ayala em 'O Astro'. Mantivemos segredo durante 200 capítulos, o que é um recorde”, diz Abreu.
O ator Lima Duarte diz que se identificou com seu personagem e que se surpreendeu com a condenação do público ao amor de Zé Bolacha e Irene (Viviane Pasmanter).
“A novela discutiu tudo. Mostrou amor de bicha com homem, de velha com jovem e de velho com menina. O público adorou todas as abordagens, menos a minha. Isso serve para mostrar o quanto a sociedade anda doente. Não era uma relação baseada em sexo, e sim em poesia”, diz.
Tony Ramos diz que se entregou totalmente ao personagem Juca, filho de Zé Bolacha na trama. “Foi um dos trabalhos mais instigantes que já fiz. O jogo de interação com o público foi muito interessante”, afirma.
Para Cecil Thiré, a novela trouxe uma contribuição ao gênero ao fazer a entrada e saída dos personagens paulatinamente.
“Sentirei saudade da novela. O suspense sobre a identidade do assassino e a possibilidade do susto, ao vivo, é brilhante”, afirma.
Entusiasmo maior só mesmo o de Jorge Fernando, que se despede da direção-geral -sabe que, agora, como diretor de núcleo, não deverá mais dirigir uma novela até o final- em tom emocionado. “Fiquei orgulhoso de ser amigo do Silvio de Abreu quando li os últimos capítulos da novela. A história dá margem para várias interpretações e me fez errar ao deduzir quem seria o assassino. O que é mais um ponto para a trama”.
(GA)

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