São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Governo descarta renegociação se Senado mudar regra de pagamento

VALDO CRUZ; VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal não vai renegociar as dívidas dos Estados se o Senado Federal alterar a regra que manda os governadores usarem 11% da receita no pagamento de suas dívidas. A fixação dessa regra é uma prerrogativa dos senadores.
Os governadores estão articulando com o Senado Federal uma mudança na resolução, que fixou em 11% o comprometimento das receitas estaduais com pagamento de dívidas. Eles querem reduzir esse limite para 9% ou 7%.
Como o presidente Fernando Henrique Cardoso não pode vetá-la, o Ministério da Fazenda já decidiu, segundo a Folha apurou, usar a renegociação das dívidas como moeda de troca.
A proposta da Fazenda de refinanciamento das dívidas prevê negociação caso a caso com os Estados, que terão de assinar um termo de compromisso, com metas que o Estado deverá cumprir.
O Ministério da Fazenda está elaborando um cardápio de propostas para ser oferecido aos Estados, que poderão optar por apenas uma ou um conjunto delas. A escolha não será livre, mas negociada com o governo federal.
O governo quer limitar a contratação de servidores e a concessão de reajuste ou aumento de salário.
O monitoramento será feito pelo Tesouro Nacional. Caso os Estados deixem de cumprir as metas, o Tesouro bloquearia as transferências de recursos para os Estados.
A primeira etapa da renegociação das dívidas foi a concessão de empréstimos emergenciais para o Maranhão, Alagoas, Mato Grosso e Piauí, no valor de R$ 130 milhões. O empréstimo foi feito pela Caixa Econômica Federal, com juros de 2,12% ao mês e pagamento até janeiro de 1996.
A segunda etapa prevê o refinanciamento da dívida de R$ 3 bilhões dos Estados e municípios com ARO (Antecipação de Receita Orçamentária) e uma solução para as dívidas em títulos (mobiliária) de São Paulo, Rio, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A privatização de empresas estatais será acertada na terceira etapa.
Uma das idéias para estimular os Estados a privatizar é a criação de um fundo, do qual quem tivesse privatizado poderia retirar acima da sua contribuição.
No caso das dívidas de ARO, a proposta do governo é pagar os empréstimos feitos nos bancos privados. Assim, os Estados e municípios passariam a dever à União, que refinanciaria essa dívida em prazo maior e com juros menores.

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