São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Direção do PT vai a confronto com esquerda

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A direção do PT decidiu partir para a ofensiva no confronto com os grupos de esquerda e extrema esquerda do partido.
As duas alas querem a substituição do secretário-geral do partido, Cândido Vaccarezza, por um nome indicado por elas.
"Não vamos 'rifar' Vaccarezza, não concordamos que estamos desrespeitando a proporcionalidade das tendências e nem que o partido esteja paralisado", afirmou o ex-deputado José Dirceu, presidente do PT.

Manifesto
Dirceu referia-se ao manifesto em que 24 deputados federais do PT pediram, na prática, a substituição de Vaccarezza.
A "carta aberta" foi articulada pelo deputado federal Arlindo Chinaglia (SP), que os grupos ortodoxos do PT querem ver no lugar de Vaccarezza.
Dirceu, o deputado José Genoino (SP), o senador Eduardo Suplicy (SP), o próprio Vaccarezza, Gilberto Carvalho, secretário de Comunicação e ex-secretário-geral, além de outros dirigentes petistas, reuniram-se ontem para analisar a consequência do manifesto de 24 dos 49 deputados petistas.
O grupo vai responder com uma nota da Executiva do partido à ofensiva anti-Vaccarezza, que é ligado ao grupo do deputado paulista Rui Falcão.
Em outra frente, deputados ligados à direção vão questionar a atuação do líder da bancada, Jaques Wagner (BA), que assinou o texto articulado por Chinaglia para pedir a cabeça de Vaccarezza.

Tensão
Dirceu quase rompeu com Wagner. O presidente petista entende que, como líder, o deputado baiano não poderia endossar uma manobra que levou para dentro da bancada a divisão expressada no partido pelas correntes internas.
Wagner, em estilo escorregadio, ensaiou um recuo. Disse que assinou a nota para "chamar a conciliação" e que não está contra Dirceu.
"Se o espírito for o de tirar o Vaccarezza eu retiro a minha assinatura", afirmou Wagner.
O deputado baiano apóia uma solução que está sendo ensaiada: Vaccarezza ficaria na secretaria até as eleições municipais de 96 e o ano restante de mandato seria de Chinaglia.
Alguns dos signatários do texto articulado por Chinaglia e, secundariamente, pelos grupos trotskistas "Democracia Socialista" e "O Trabalho" nunca pertenceram aos setores ortodoxos do petismo.
Encaixam-se nesse perfil os deputados Nilmário Miranda (MG), Eduardo Jorge (SP), Milton Temer (RJ), padre Roque (PR) e Hélio Bicudo (SP), entre outros.
A adesão desses nomes é creditada, em alguns casos, à antipatia por Dirceu. Em outros, a atritos estaduais com o grupo de Dirceu, a "Articulação".
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estimulou até cerca de 40 dias atrás a escolha de Chinaglia para a secretaria. Depois, conformou-se com a opção por Vaccarezza.
Alguns deputados criticam o espaço dado por Dirceu a Genoino, segundo vice-presidente do PT.

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