São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995 |
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Católicos articulam bloco no Congresso
DENISE MADUEÑO
Há duas semanas, a bancada reuniu cerca de 30 parlamentares no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República. O vice, Marco Maciel, esteve presente. Após a missa, celebrada pelo deputado Padre Roque (PT-PR), os parlamentares se reuniram em um café da manhã para articular os novos encontros. "Não queremos nos reunir apenas para rezar. Queremos fazer uma reflexão dos temas atuais em discussão no Congresso com base nos princípios cristãos", afirmou Padre Roque. A primeira reunião, marcada para o início de novembro na CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), deve discutir a reforma agrária. "Vamos pensar sobre solidariedade. A justiça social e a reforma agrária não podem passar despercebidas", disse o deputado Osmânio Pereira (PSDB-MG). Os parlamentares preferem chamar a bancada de "grupo dos católicos". Segundo eles, não há compromisso dos parlamentares de votar em bloco durante as sessões na Câmara. "Cada um vota conforme sua consciência e seu partido", afirmou Roque. "Temos os nossos partidos políticos. Somos um grupo que quer estar junto pelo que nos une, a fé", afirmou Pereira. Os parlamentares têm em comum posições sobre temas relacionados aos princípios morais cristãos. São contra, por exemplo, a descriminação do aborto e a instituição da pena de morte no país. O número representa pouco mais de 10% do total, mas é uma bancada maior que muitos partidos políticos na Câmara, perdendo em número apenas para o PMDB, PFL, PSDB e PPB. Os dados não são precisos como os da bancada dos evangélicos no Congresso, organizada há mais tempo. A bancada evangélica tem 27 deputados e 4 senadores do total de 81. Os evangélicos pertencem a oito diferentes igrejas e têm ideologias distintas. Com pretensões políticas maiores, a Igreja Universal do Reino de Deus já procura candidatos entre os fiéis para as próximas eleições. Atualmente, o grupo dos católicos se reúne para celebrar missas às quintas-feiras, às 12h30, no Anexo 4 da Câmara, prédio que abriga a maioria dos gabinetes parlamentares. O deputado Luís Roberto Ponte (PMDB-RS) é um dos parlamentares que têm o hábito de frequentar as missas na Câmara. Segundo Ponte, o objetivo do grupo é "se fortalecer na fé". "Não há um objetivo estratégico. Conversamos sobre a melhor forma de cumprir as nossas obrigações de acordo com Deus", diz. Texto Anterior: Secretário descarta renúncia Próximo Texto: Carismático é um dos líderes Índice |
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