São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Nova campanha: 'A Bola é o Sol'

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Caríssimo leitor, abriremos o nosso primeiro parágrafo desta segunda-feira de uma maneira diferente. Recebemos, na semana que se encerrou, um gigantesco fax da nossa redação, com cópias de cartas de leitores comentando o conteúdo desta coluna, apresentando suas próprias impressões, desfilando críticas e elogios.
Como sabem aqueles que nos acompanham com alguma assiduidade, sempre tentamos fazer com que as opiniões convergentes a respeito dessa balbúrdia oficializada que é a coordenação do nosso querido futebol, que as opiniões coincidentes se juntassem, se somassem e virassem uma frente única.
Já tentamos mobilizar colegas de redação, colegas de paixão, e, na verdade, os únicos que realmente se sensibilizaram foram vocês, amigos leitores.
Os acontecimentos recentes cada vez mais nos levam a crer que o nosso dileto esporte está agonizando, e que nós, espectadores e amantes do futebol, estamos secando como lagartixas no deserto.
Os números (e este jornal é especialista em apresentar números), as análises, o quadro geral demonstram um estado de calamidade. A nossa média de público tem sido vergonhosa, e as cenas (como a de um jogador esmagando os bagos de um colega), grotescas. Gramados carecas, juízes gordos e carecas agredindo jogadores, competições simultâneas e desprovidas de interesse, enfim, estamos à beira de um colapso definitivo que representaria... o fim do futebol.
Por isso, caríssimo leitor, vamos, mais uma vez, tentar mobilizar o corpo frio e gélido do cadáver. Vamos tentar ressuscitá-lo por meio de uma nova campanha, intitulada "A Bola é o Sol".
Embora pareça redundante (mas o problema é sempre o mesmo, crônico...), essa campanha, mais uma vez, procura a luz no fim do túnel. É preciso voltar a enxergar uma chance para evitar a extinção, encontrar uma saída, focalizar o futuro, botar as coisas em perspectiva. Leitor, "A Bola é o Sol". Envie suas cartas, dê a sua sugestão.
A respeito das cartas, mais especificamente, levamos um sabão de alguns mineiros, pelo fato de termos apontado, há algumas colunas atrás, o Palmeiras como o melhor time do Brasileiro e não o Cruzeiro.
Embora os números dêem total razão aos nossos vizinhos de Estado, não somos analistas de sistema para decifrar os segredos da bola através de estatísticas. E, embora Dida possa ser melhor que Velloso (que já é um ótimo goleiro), continuamos firmes no propósito de afirmar que um time que tem Antonio Carlos, Amaral, Mancuso, Cafu, Muller, Edílson e Rivaldo é teoricamente superior ao time que tem Belletti, Paulo Roberto, Paulinho e Marcelo. Mas nomes no papel são o mesmo do que números na lousa: não servem para nada.
Portanto, o que interessa é quando a bola rola, mas, para isso, é preciso lembrar que, para o futebol, "A Bola é o Sol". Quem não tem consciência disso não está entendendo nada.
Caríssimos leitores, continuem participando, escrevendo. Enviem suas cartas com sugestões para encontrarmos uma saída para o nosso futebol. Mas nunca se esqueçam, "A Bola é o Sol". Até segunda!

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