São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Schumacher sofre com estigma de arrogante

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DO ENVIADO A AIDA

Sua agenda contém 700 pedidos de entrevistas por ano. Seu nome ou sua imagem vendem mais de 60 produtos em todo o mundo. E, nas próxima duas temporadas, vai ganhar cerca de US$ 70 milhões apenas por pilotar para a Ferrari.
Filho de um pedreiro, Michael Schumacher nunca sonhou que chegaria tão longe em tão pouco tempo, segundo ele mesmo.
Sua estréia na F-1 aconteceu na Bélgica, em 1991, quando foi convidado para substituir Bertrand Gachot -que estava preso por agredir um motorista- na Jordan.
Schumacher não só surpreendeu com a sétima colocação no grid, como mostrou uma confiança exagerada para um iniciante.
A corrida, ele abandonou na primeira volta com problemas mecânicos. Mas foi o suficiente.
Duas semanas mais tarde, no GP da Itália, ele já era piloto da Benetton, no lugar do brasileiro Roberto Moreno. E já havia adquirido a pecha: ser arrogante.
Várias atuações brilhantes e dois títulos mundiais mais tarde, o corredor ainda não conseguiu escapar desse estigma.
Schumacher é o protótipo do piloto moderno. Tem uma empresa com 11 especialistas apenas para cuidar de sua carreira e negócios. Nesse grupo se inclui o controvertido empresário Willy Weber, que o acompanha desde os 18 anos.
Naquela época, Schumacher pensou em largar o automobilismo por falta de dinheiro. Disputava corridas de kart -e ganhava títulos- pela Alemanha com o patrocínio de um amigo de sua família.
Trabalhava em uma oficina-escola, onde aprendia uma profissão como um jovem qualquer.
Weber o viu correr e se convenceu de que tinha um talento nas mãos. Garantiu o dinheiro que Schumacher precisava em troca do papel de empresário no futuro.
Deu certo, e Schumacher chegou à F-1. Na temporada de 92, obteve sua primeira vitória, na mesma Spa que estreara um ano antes.
Com a saída de Alain Prost no final de 93, restou como um dos poucos que poderiam incomodar o favorito Ayrton Senna, então se transferindo para a Williams.
Schumacher e a Benetton surpreenderam e venceram as duas primeiras corridas do ano. Na terceira, em Imola, Senna morreu.
O caminho para o primeiro título foi atrapalhado por suspensões. No final, jogou o carro em cima de Damon Hill para ser campeão.
Neste ano, humilhou o rival.
O garoto que um dia surpreendeu a cidade alemã de Kerpen, quando venceu uma prova de kart, sob chuva, com só uma mão no volante -a outra segurava uma peça no motor, que se soltara na primeira volta-, chega à Ferrari.
"Vou dar o título a ela", garante, arrogante, o alemão bicampeão.

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