São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995 |
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Cuba e EUA se criticam durante a festa da ONU
DANIELA FALCÃO
Clinton fez as honras da casa e foi o primeiro a discursar. Ao todo, 180 chefes de Estado e de governo subirão ao palanque da Assembléia Geral da ONU até amanhã à noite. Cada um falará no máximo por cinco minutos. Clinton começou seu discurso exigindo que os países-membros da ONU se unissem para combater o terrorismo, o tráfico de drogas e o crime organizado internacional (leia texto ao lado). Em seguida, parabenizou os países que conseguiram acabar com disputas internas e regimes autoritários. E, sem mencionar nomes, condenou o governo ditatorial de Fidel Castro em Cuba. "Todas as nações do continente americano adotam o regime democrático. Só há uma exceção", disse Clinton. Fidel, que discursou minutos depois, também usou a sutileza para criticar os EUA. "Devemos lutar por um mundo de justiça, paz e dignidade, onde todos, sem exceção alguma, tenham direito à vida e ao bem-estar", afirmou. Fidel se referia ao embargo comercial imposto pelos EUA a Cuba, que, ao longo dos anos, vem sendo apontado como um dos principais responsáveis pelas dificuldades financeiras enfrentadas pela população cubana. A vinda de Fidel Castro a Nova York provocou a ira da comunidade de exilados cubanos de Nova Jersey, que é a segunda maior dos EUA, perdendo só para Miami. Os cubanos são o maior grupo entre os manifestantes que passaram o dia com bandeiras na entrada da ONU, gritando slogans. Os anti-castristas chamam o líder cubano de "torturador, assassino e último dos ditadores comunistas". Todas as manifestações são acompanhadas pela polícia. A vinda de Castro também gerou polêmica no Congresso. Deputados e senadores do Partido Republicano condenaram a administração Clinton por ter concedido visto de entrada ao líder cubano. Fidel Castro só poderá ficar nos EUA por cinco dias. Ele chegou no sábado e deve ir embora amanhã. Castro está hospedado na sede da missão cubana na ONU. O presidente da Rússia, Boris Ieltsin, falou logo depois de Fidel Castro e voltou a afirmar que a Rússia não aceitará que suas tropas na Bósnia passem a ser controladas pela Otan. Hoje, Clinton e Ieltsin se encontram privadamente para debater o assunto. Apesar do anúncio público de Ieltsin, Clinton afirmou que ainda tem esperança de conseguir convencer o presidente russo a aceitar o comando da Otan nas operações de paz na Bósnia. Texto Anterior: Embargo pára o Iraque, diz empresário Próximo Texto: Clinton quer campanha mundial anticrime Índice |
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