São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Falências

Depois de bater no mês de agosto o recorde dos últimos 35 anos, o número de falências requeridas na cidade de São Paulo recuou 7,5% em setembro. O novo crescimento dessa estatística, de 11,7% nos primeiros 18 dias deste mês em relação a igual período do mês passado, é um indicador de que as dificuldades causadas pelas medidas do governo persistem.
A moderação do ritmo excessivamente acelerado que a economia atingiu no início do ano foi benéfica para o controle da inflação. Mas os pedidos de falência estão entre os sinais de que o custo dessas medidas pode ter sido alto demais. O recurso extremado a taxas de juros elevadíssimas onerou pesadamente todas as empresas que utilizam crédito no sistema bancário nacional e, em certos casos, comprometeu sua solidez.
Os excessos da política de juros criaram, ademais, um forte desequilíbrio entre as firmas dependentes do crédito interno e aquelas com acesso a financiamentos no exterior. O capital de giro no Brasil chega ao excesso de custar ao mês o que, no mercado internacional, é cobrado em quase um ano.
Parte dos pedidos de falência pode referir-se, portanto, a empresas operacionalmente viáveis, mas que, por assim dizer, foram pegas na contramão no aspecto financeiro.
De modo geral, o aumento das falências requeridas sinaliza que os efeitos do pequeno alívio no crédito e da tímida redução dos juros ainda não foram sentidos significativamente. E que o ritmo de crescimento pode não estar estabilizado.

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