São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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'Voto em Fernando Henrique', diz ACM

GILBERTO DIMENSTEIN
DE NOVA YORK

"Se o Fernando Henrique Cardoso for candidato, voto nele. Até a contragosto", disse ontem à Folha o senador Antônio Carlos Magalhães, voltando a defender o direito à reeleição.
A articulação pela reeleição presidencial se moveu em Nova York, marcando a reaproximação entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Antônio Carlos Magalhães -relação afetada com o caso Econômico.

Votação em 97
Numa conversa com o presidente Fernando Henrique Cardoso, ACM sugeriu que a emenda da reeleição presidencial, já tramitando no Congresso, entre em votação apenas em 1997. Fernando Henrique Cardoso se mostra disposto a postergar o debate a fim de não tumultuar a reforma constitucional.
O senador Antônio Carlos Magalhães, que ontem negou ter lançado a candidatura de Fernando Henrique Cardoso (veja texto ao lado), afirma que a votação, agora, seria derrotada no Congresso. Ele disse discordar do verbo "lançar".
O presidente pretende esfriar o assunto até um momento politicamente mais adequado. Ele, porém, já deu sinais, inclusive ao próprio ACM e seu filho Luís Eduardo Magalhães, de que a reeleição não está descartada.
Ao expor publicamente o projeto de candidatura Fernando Henrique, ACM defendeu o direito à reeleição e exibiu o que considerava a estratégia "ideal" e disse que, por falta de alternativas e, mantido o bom desempenho da economia, Fernando Henrique seria um candidato "fortíssimo".
Afirmou que, entretanto, este não é o melhor momento para submeter a discussão ao Congresso.
O presidente disse à Folha que não pensava em reeleição ("nem por um minuto"), deixando a questão a cargo do Congresso.
Disse que não iria interferir na discussão do Congresso "nem contra nem a favor".
Lembrou, porém, que o mandato de quatro anos foi fixado imaginando-se que a reeleição seria aprovada, mas acabou barrada.
Nas conversas de bastidores, ACM recomenda: melhor aguardar 1997, pois, no momento, o Palácio do Planalto estaria desgastado no Congresso, devido aos atritos provocados pela reforma constitucional.
Ele tem a mesma tese de assessores presidenciais, entre eles Sérgio Motta, ministro das Comunicações: em 1997, com a inflação baixa, crescimento econômico, além do suposto início de obras a serem exibidas no campo social, o Congresso acabaria se "dobrando" à opinião pública.
Se fosse votada, agora, na sua opinião, o governo teria de recorrer ao jogo do "toma lá, dá cá", que, segundo ele, não faz o "perfil" do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Sinal
O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães, está aguardando um sinal mais nítido para impor o ritmo à emenda de reeleição.
Como o pai, Luís Eduardo se perfila ao lado dos que defendem o direito à reeleição, só não quer que se estenda às prefeituras.
Nas conversas de dirigentes do PFL, evitar o direito de reeleição para o próximo ano serviria como antídoto contra o fortalecimento político de Paulo Maluf, prefeito de São Paulo.
Se tentasse a reeleição, Maluf, bem colocado nas pesquisas, teria condições de vencer.

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