São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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Van Damme baseia sua vida em gibis

O ator se compara ao herói dos quadrinhos Tintin

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Jean-Claude Van Damme, 36, está em São Paulo promovendo seu último filme, "Morte Súbita", que estréia sexta no Brasil, México e Argentina. O resto do mundo só vai ver o filme no Natal.
O ator se comparou a Tintin, herói de quadrinhos da Bélgica, ao falar à Folha. Ele apareceu em sua suíte, no hotel Caesar Park, usando óculos e mostrando-se um crítico de seus filmes.

Folha - Como você se graduou de lutador de filmes "B" para o time "A" de Hollywood?
Jean-Claude Van Damme - Quando se é uma estrela, tem-se a química, o carisma. Muitos que tentaram, com filmes, roteiros e diretores melhores não conseguiram.
Por que Stallone e Arnold são astros? Pela razão de que De Niro e Pacino ganham menos do que eles. Quando Arnold está num filme, formam-se filas para vê-lo, mesmo que o filme não seja grande coisa. De Niro e Pacino, mesmo com o Oscar, não são campeões de bilheterias: são atores.
Folha - Você treina todos os dias? Trouxe um treinador?
Van Damme - Costumo treinar diariamente. Não preciso de um treinador, porque treino desde os 11 anos. Conheço meu corpo.
Folha - Você não se aborrece por ter que interpretar canadenses em seus filmes?
Van Damme - É engraçado, mas em "O Grande Dragão Branco", meu primeiro filme, eu interpretei um americano. Meu sotaque era pesadíssimo, mas o filme foi um grande sucesso.
Interpretar canadenses é um arranjo de produtores e diretores preocupados com a lógica. Mas o público não se importa. Se faço um filme futurista, importa menos ainda, porque até lá todas as nações terão se unido.
Folha - Como a maioria dos belgas, você é fã dos quadrinhos de "Tintin"?
Van Damme - Adoro Tintin. É o meu grande herói. A minha casa é cheia de brinquedos baseados no personagem. Me identifico com ele porque sou um sonhador.
Tintin era o tipo do cara que não se prendia à nada. De repente, ele tinha que ir ao Peru. Ele pegava sua bagagem, seu cachorro, e simplesmente partia. Ao Peru, ao Tibet, etc. Ele tinha um modo simples de partir e resolver todos os problemas.
Quando resolvi ser um astro de cinema, pensei como Tintin. Peguei minha mala e simplesmente parti, sem complicações, sem saber inglês, sem visto de permanência, como num livro de Tintin.
Você tem que ser louco para fazer o que fiz, porque concorri com milhares que já moravam na América, sem problemas com passaporte e com um bom inglês. O que aconteceu comigo acontece com uma pessoa em um milhão.
Folha - Você foi influenciado por Bruce Lee?
Van Damme - Sim, ele era fantástico, elegante e carismático. Mas se você olhar para as lutas dele, em câmera lenta, vai reparar que não era muito técnico.
Em comparação, os movimentos de Mike Tyson são uma merda. Para economizar oxigênio, ele usa golpes curtos e rápidos, o que é péssimo para o cinema. Não dá para comparar uma lutador de verdade com uma encenação cinematográfica, se é que você me entende.

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