São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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México prende maior líder zapatista

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

A Polícia Civil mexicana prendeu no sábado o "comandante Germán", considerado pelo governo como o chefe supremo do movimento armado Exército Zapatista de Libertação Nacional.
"Germán", cujo verdadeiro nome seria Fernando Yañez Muñoz, foi preso na Cidade do México por porte ilegal de armas. Sua detenção só veio a público ontem. Ele nega as acusações da polícia.
A Procuradoria Geral da República afirmou em comunicado que a prisão de "Germán" não está relacionada com sua participação no EZLN. "Ele foi preso por portar um fuzil AK-47 e uma metralhadora 9 mm, ambas de uso exclusivo do Exército", esclarece o comunicado.
Em dezembro do ano passado, o Congresso aprovou uma lei de anistia a todos os líderes zapatistas. A lei foi a condição do EZLN para manter o cessar-fogo na região do conflito (Estado de Chiapas, sul do México) e iniciar um diálogo com o governo para discutir, entre outros temas, os direitos indígenas.
Para muitos analistas políticos, a prisão de "Germán" poderá significar a ruptura das negociações, pois os zapatistas podem interpretá-la como uma violação da anistia.
Algumas horas antes da prisão, em Chiapas, as delegações do governo e do EZLN que participam do diálogo haviam chegado ao primeiro acordo sobre os pontos da Constituição que serão modificados, com o objetivo de ampliar os direitos indígenas no México.
Segundo Carlos Tello, autor do livro "La Rebelión de las Canãdas" (a rebelião dos vales) e estudioso da guerrilha em Chiapas, o "comandante Germán" de fato ocupava o cargo de maior hierarquia do EZLN.
Porém, afirma Tello em seu livro, o "subcomandante Marcos", até então tido como o líder do EZLN, é o responsável pela estratégia do movimento e a pessoa que "detém o poder real", pois tem maior influência sobre os integrantes e controla as armas.
"Marcos", segundo o governo, não é índio nem nasceu em Chiapas. Ele seria formado em filosofia e viveria em Chiapas há 12 anos.
A rebelião liderada pelo EZLN teve início em 1º de janeiro de 1994, quando os zapatistas tomaram à força várias comunidades indígenas do Estado de Chiapas, exigindo melhores condições para os índios da região.
O Exército mexicano mandou cerca de 8.000 homens para Chiapas e reprimiu o levante armado. Estima-se que pelo menos 150 pessoas tenham morrido durante os conflitos.

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