São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 1995
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Oscar Niemeyer diz que não tem "ressentimentos" com a USP

DA AGÊNCIA FOLHA

Ao receber o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de São Paulo, anteontem, o arquiteto Oscar Niemeyer, 87, disse que não tem ressentimento em relação ao veto a sua candidatura a professor da USP em 1957.
Proposta pelos professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a candidatura foi recusada pelo Conselho Universitário porque Niemeyer é comunista.
"São coisas que a gente lembra com prazer, porque sente que não cuidou só da arquitetura, há coisas mais importantes que nos chamam a participar", afirmou, bem-humorado, o arquiteto ao receber o título anteontem.
Em seu pronunciamento, o reitor Flávio Fava de Moraes disse que a concessão do título a Niemeyer tem ainda mais valor por causa do episódio ocorrido nos anos 50.
Segundo Niemeyer, esta não foi a única ocasião em que suas idéias o impediram de ter contato com os estudantes.
"Fui fazer uma palestra em uma universidade de Juiz de Fora e o reitor não me deixou entrar. Fiz a palestra num cinema".
O arquiteto disse que recentemente fez dois projetos para as prefeituras de Salvador (BA) e Maceió (AL) em homenagem aos 300 anos da morte de Zumbi.
O projeto feito para Salvador prevê a construção de um monumento com um auditório interno. O de Maceió é um monumento.
Segundo o arquiteto, nenhum dos dois começou a ser construído, mas ele disse ter informações de que a prefeitura de Salvador deverá realizar seu projeto em breve.
"Na arquitetura, não somos nós sozinhos que fazemos as obras. Profissão boa é do Jorge Amado, que escreve um livro, brinca com os personagens, as pessoas gostam e não tem utilidade para outra coisa", comparou.

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