São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 1995
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Gênio inglês se adapta às situações impossíveis

DO "LE MONDE"

"Do Le Monde"
No início das carreiras dos diretores é que são tecidas as amizades mais duráveis, numa profissão particularmente individualista e sem "laço comum", senão as abordagens de Leicester Square e de Soho, onde estão muitas casas de produção, entre dois brechós e três botequins gregos.
Os últimos 25 anos de Londres são, aliás, a história de uma vasta fragmentação. Fim do império, fim da nostalgia. Frears fica contente em ver na rua tantos indianos, jamaicanos, essa diversidade é uma garantia de força. "O que nos falta é um governo capaz de reunir os fragmentos".
Enquanto se espera, uns e outros hesitam entre o ar do largo e os novos laços que se amarram com o continente, via túnel sob a Mancha. Eles apreciam o combate francês pela "exceção cultural", com um certo ceticismo.
Como isso se regula no mercado? Como fazer, autorizar apenas um filme americano por ano? E se for "O Parque dos Dinossauros"? Ajudar as produções européias? "Muitos filmes franceses são subvencionados", diz Frears, "e não são muito bons. Então para que serve a subvenção? Não temos princípios, mas o pouco dinheiro que temos, usamos muito bem. Somos pessoas práticas.
Essa mão, esse revólver, quem eles mataram? Uma certa idéia de Londres, da juventude, do cinema também. Durante anos, dizia-se que o cinema inglês estava agonizante, moribundo, sacudido por uma decadência evidente.
Isso é menosprezar o gênio britânico de se adaptar magnificamente às situações impossíveis.

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