São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 1995
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Peso mexicano cai 8% em apenas um dia

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

O dólar subiu 8% ontem no México e ultrapassou a barreira dos 7,00 novos pesos. A Bolsa fechou com queda de 0,85%, mas chegou a cair 4% ao meio-dia.
Segundo informações extra-oficiais, o governo interveio para evitar uma queda mais drástica. A Bolsa já havia caído 3,8% na quarta-feira.
Em casas de câmbio, a moeda norte-americana foi vendida a 7,40 novos pesos, alcançando sua maior cotação desde 9 de março.
Roberto Blum, economista do Cidac (Centro de Investigação e Desenvolvimento da Ação Civil), diz que o nervosismo dos mercados financeiros do país é preocupante e se deve a vários fatores.
Os principais seriam as sucessivas quedas da Bolsa de Nova York, que normalmente têm muita influência sobre a Bolsa mexicana, e a "questão Chiapas", que parecia resolvida, mas voltou a preocupar os investidores.
O conflito em Chiapas (sul do México) estava paralisado desde fevereiro, mas com a prisão do líder do movimento, no sábado, os rebeldes ameaçam romper o diálogo de paz com o governo e retomar as armas.
Além disso, disse Blum, o último discurso do senador norte-americano Alphonse D'Amato criou um falso clima de falta de liquidez (dinheiro em caixa) do governo mexicano nos Estados Unidos.
D'Amato exigiu que o México pagasse em dia seus débitos com os EUA, referindo-se ao não-pagamento de US$ 1,3 bilhão que vencem em 31 de outubro e que o governo mexicano renegociou para o próximo ano.
Segundo Blum, existe de fato a possibilidade de uma nova fuga de capitais do país, dada a volatilidade do peso em relação ao dólar.
"Isso seria péssimo para a economia mexicana, pois o governo teria de aumentar ainda mais as taxas de juros (para evitar uma saída drástica de dinheiro) e a inflação ficaria totalmente fora de controle", explica.
Os juros no México subiram mais de dez pontos percentuais nos últimos 35 dias. Os títulos com prazo de 28 dias rendem 42,25% ao ano.
Para completar o clima de instabilidade no país, trabalhadores, empresários e governo não estão conseguindo chegar a um acordo para renovar o pacto social.

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