São Paulo, sábado, 28 de outubro de 1995
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PR tem suspeita de uso de sangue com HIV

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

A Promotoria Especial de Defesa dos Direitos Constitucionais de Londrina (379 km de Curitiba-PR) e a Vigilância Sanitária municipal estão investigando o destino de um frasco de 450 ml de sangue contaminado pelo vírus da Aids.
Coletado em maio de 1995 pelo Instituto de Hematologia de Londrina, o sangue pertencia a Reinaldo do Nascimento e Silva, 27, que é portador de HIV.
O instituto alega que o sangue foi descartado porque o primeiro exame, apesar de não indicar contaminação por HIV, já mostrava que o paciente tivera hepatite. Silva acusa o médico Jorge Tadeu de Assis, um dos diretores do Instituto de Hematologia, de induzi-lo a doar sangue. Ele diz ter alertado o médico que era homossexual e esperava resultado de exame de Aids do Hemoal (Instituto de Hematologia de Alagoas).
Ele conta que teve seu sangue coletado em 16 de maio e recebeu no dia 22 laudo do instituto dizendo que ele não estava contaminado pela Aids. No dia 24 de maio, Silva teria recebido correspondência de Maceió, do Hemoal, em que o teste anunciava sua contaminação.
Silva fez novos testes no Laboratório Osvaldo Cruz e no Centro de Triagem, em Londrina. Os dois testes deram positivo. Ainda segundo Silva, somente no final de julho o Instituto de Hematologia concordou em fazer novos exames. Desta vez, ficou constatado que ele era soropositivo.
Silva diz que pediu ao instituto o frasco com o sangue coletado. O médico Jorge Tadeu de Assis teria dito não podia atendê-lo, "pois já havia sido utilizado".
O Promotor de Defesa dos Direitos Constitucionais, Paulo César Tavares, quer saber o destino do sangue contaminado. Tavares disse que, "em se comprovando que o sangue não foi destruído", o instituto poderá ser acusado por crime contra a saúde pública.
O advogado de Silva, Gilberto Lima, diz que vai entrar nesta segunda com representação na Vara Cível por "danos patrimoniais e morais". Ele também acusa o médico de ter comunicado a empresa onde Silva trabalhava que ele era homossexual e soropositivo. Por isso, ele teria pedido demissão.

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