São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995
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Queda no ozônio poupa norte do Brasil

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A redução na camada de ozônio que envolve a Terra está mesmo expondo partes do globo a raios solares nocivos, diz estudo publicado na última edição da revista "Nature". Mas regiões ao norte de São Paulo podem ficar tranquilas por enquanto.
O gás ozônio forma uma camada no alto da atmosfera que absorve radiação ultravioleta do Sol. Raios ultravioleta, extremamente nocivos à vida, podem causar câncer de pele e danificar plantações.
Embora já se soubesse da diminuição na camada do ozônio, havia poucas medições confiáveis da quantidade de ultravioleta que estava de fato atravessando a atmosfera e oferecendo risco ao homem.
"Havia pouca informação sobre a diminuição do ozônio estar causando aumento na radiação ultravioleta por causa das nuvens, que também absorvem raios ultravioleta", disse Dan Lubin, do Instituto Espacial da Caifórnia.
Mas ele desenvolveu com Elsa Jansen, da Seaspace, um método de mapeamento por satélite que também leva em consideração a variabilidade das nuvens.
A técnica, que inclui medições por satélite dos níveis globais de ozônio e da radiação solar, pode ser usada para prever quando a erosão da camada de ozônio numa região vai superar a capacidade das nuvens de proteger a Terra.
"A comunidade científica assumiu que qualquer diminuição na camada de ozônio sobre regiões temperadas automaticamente trazem um aumento na radiação ultravioleta na Terra", disse.
Segundo Lubin, seu estudo mostra é que o significado biológico do aumento nos raios ultravioleta varia de acordo com a região.
Este ano, grandes áreas da América do Norte, a maior parte da Europa Central, Mediterrâneo, Canadá, Nova Zelândia, África do Sul, Austrália, Argentina e Chile estarão sujeitas ao aumento nos raios ultravioleta, diz o estudo.
Mas as regiões brasileiras ao norte de São Paulo não devem sentir o aumento por muitas décadas, assim como o México, o norte da Austrália e a Nova Guiné.
Regiões da América do Norte que já estão sentindo aumento na radiação incluem a Califórnia, o sudoeste e o Havaí. "O aumento na radiação não deve exceder a variação normal das nuvens no Pacífico noroeste por 20 anos".
Reino Unido e Irlanda devem passar ainda 30 anos sem que o aumento dos raios ultravioleta seja significativo. Regiões do centro da Rússia, a maior parte da China, Japão, Coréia e a Índia não sofrerão grandes saltos antes que passem entre 20 e 50 anos.
Os pesquisadores avaliaram a redução do ozônio em cerca de 2,5% a cada década.

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