São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presos fazem 2 funcionários como reféns no Carandiru

ANTONINA LEMOS; RICARDO AMORIM; ANA MARIA MANDIM
DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro presos que tentavam fugir da Casa de Detenção de São Paulo, no Carandiru (zona norte), fizeram dois funcionários da instituição como reféns e os mantinham sob seu poder até cerca de 23h.
Armados com dois revólveres calibre 38, eles exigiam transferência de penitenciária. Os detentos pediram a presença de um juiz corregedor, um advogado e da imprensa.
Tucci informou que eles seriam transferidos para o Centro de Observação Criminológica. Segundo ele, a medida tem o objetivo de proteger os presos da revolta dos demais detentos que tiveram o horário de visitas interrompido pela tentativa de fuga.
Segundo o comandante do 5º Batalhão da PM, que faz a segurança da área do presídio, major Mauro Silas, a rebelião teria acontecido porque os presos que tentaram a fuga feriram o código de honra da penitenciária. Por esse código as fugas não podem acontecer em dias de visita.
Às 5h o presidiário Anderson Soares Carvalho fugiu pela portaria da Casa de Detenção. Por volta de 8h foi a vez de Alexander Pereira, Antônio Carlos da Silva, Josias Messalina e um outro detento, identificado apenas como Rogério, tentarem a fuga, sem sucesso.
Com medo de represálias dos outros presos, por volta das 15h30, os quatro fizeram dois funcionários, identificados como Eduardo e Pereira, como reféns e pediram transferência de presídio.
O secretário-adjunto afirmou que, durante as negociações, foi assinado um documento para garantir a integridade física dos presos e dos reféns.
Eles não permitiam que nenhum funcionário do presídio entrasse ou saísse do prédio. A rua que dá acesso ao portão também foi bloqueada pelas pessoas, que temiam a entrada do Batalhão de Choque.
Houve confusão na hora em que a polícia tentou liberar o trânsito no local. O familiares invadiram a pista e conseguiram impedir.
Indagado sobre a rebelião, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o problema não era dele, mas do governo estadual.
"E o governador Mário Covas tem tido um empenho muito grande para resolver o problema", afirmou. O presidente, no Sesc Anchieta (centro), disse apoiar o projeto do governador que pretende desativar o Carandiru e construir presídios menores.

Texto Anterior: Cerqueira quer apurar erro
Próximo Texto: Piloto morre durante demonstração de vôo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.