São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995
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Lubitsch faz elogio da safadeza

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Em "O Diabo Disse Não" (Telecine, 15h30) o pecador Don Ameche vai em linha reta ao inferno, assim que morre, e conta seus muitos pecados.
O diabo o escuta com paciência. Conclui que um homem cuja grande culpa consiste em ter amado as mulheres não é digno de entrar no inferno.
É um dos raros filmes de que se pode contar o final: ele já está, de certo modo, no título. Mas também não é o fim que importa. É, sim, a cuidadosa demonstração de Ernst Lubitsch de que o desejo é inocente, de que a busca da felicidade é uma justa, justíssima finalidade humana. Sobretudo quando se busca, também, a felicidade do outro.
Este filme de 1943 tem um pouco menos da sutileza, dos segundos sentidos de Lubitsch. Há mais clareza na postulação de que a safadeza é inerente à espécie. O que não prejudica o conjunto. É um filme muito mais vivo do que a imensa maioria dos programados para hoje pelas TVs pagas.
(IA)

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