São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995
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Sequestro de Diniz; Libertação de Lâmia; Secretaria do Menor; Plágio na USP; Sarney e Zumbi;

Sequestro de Diniz
"O Tortura Nunca Mais e o Centro de Assessoria Popular estão acompanhando o caso dos sequestradores do empresário Abílio Diniz e concluíram que a motivação do ato foi de natureza política. Por isso acreditam que a pena destinada a eles deveria variar entre oito e 15 anos (punição para sequestro sem violência ou morte) e não de 28 e 30 anos como foi aplicada aos dez sequestradores (nove estrangeiros e um brasileiro). Além disso, eles estão presos há seis anos, período em que já lhes poderia ser concedida liberdade condicional, por bom comportamento, caso as suas penas fossem destinadas a presos políticos. Para tentar junto ao presidente da República o indulto para o brasileiro Raimundo Rosálio e a expulsão dos estrangeiros, está sendo criado o Comitê para Libertação de Presos Políticos que terá como sede o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro."
André de Paula (Rio de Janeiro, RJ)

Libertação de Lâmia
"O Comitê pela Libertação de Lâmia quer manifestar sua surpresa e repulsa pela reportagem de capa da Folha de 18/10, lamentavelmente intitulada 'Terrorista brasileira será solta, diz Arafat'. Lembramos mais uma vez que Lâmia nem sequer chegou a ser acusada, em seu arbitrário julgamento, por algum atentado ou morte, mas tão-somente por certa alegada cumplicidade, de resto casual e involuntária, na morte de um militar da potência ocupante dos territórios palestinos. Lamentamos que o redator da nota, ao condenar Lâmia mais uma vez e atirar-lhe este estigma no momento de seu iminente retorno, tenha deixado de lado normas do próprio jornal, não consultando seus arquivos ou checando informações, preferindo o recurso fácil de uma palavra de impacto para o título da capa. A grande injustiça e os longos anos de sofrimento de Lâmia não poderão jamais ser reparados. Mas esperamos que este erro da Folha sim."
Augusto Boal, seguem-se mais quatro assinaturas (Rio de Janeiro, RJ)

Secretaria do Menor
"A respeito da reportagem 'Socióloga mostra falhas da Secretaria do Menor', da seção 'Tese da Semana', de 10/10, de autoria do jornalista Fernando Rossetti, gostaria de retificar aspectos profundamente equivocados e simplicadores da mesma: 1) na entrevista concedida, em momento algum sugeri que o objetivo central de minha dissertação fosse o de apontar por que a 'Secretaria do Menor não deu certo no Estado'; objetivei analisar o processo de constituição de um novo modelo de atendimento e as dificuldades da estrutura da administração pública, então existente, em dar suporte às políticas e ações inovadoras em curso naquela secretaria; 2) a experiência da Secretaria do Menor trouxe a possibilidade de implementação de programas condizentes com a realidade das crianças em situação de rua e os obstáculos encontrados para a sua viabilização não invalidam os avanços obtidos em sua política de garantia de direitos."
Elisabete Roseli Ferrarezi (São Paulo, SP)

Plágio na USP
"Com relação à reportagem 'Plágio na USP levanta discussão sobre fraude', de autoria do jornalista Fernando Rossetti, publicada em 18/10, gostaria de deixar clara a minha posição. Questionado pelo referido jornalista, em conversa telefônica, sobre a ocorrência de plágio no Instituto de Psicologia da USP, afirmei que não poderia me pronunciar sobre o assunto por desconhecer a essência da matéria. Acrescentei, para colocar um tema para reflexão, que a política de valorização excessiva de publicações, em detrimento de outras atividades da universidade, poderia, eventualmente, levar a casos extremos, sem mencionar nenhum exemplo específico."
Marco Antonio Brinati, presidente da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)
Sarney e Zumbi
"Lamentável a posição coronelista do senador Sarney frente às comemorações dos 300 anos da morte de Zumbi. Isto mostra quanto valem cultura e memória no Brasil."
Bernardo de Castelo Branco (São Paulo, SP)

Parque Burle Marx
"Ao contrário do que afirmou o assessor de imprensa da prefeitura nesta coluna (10/10), o pedaço de Mata Atlântica contido no parque Burle Marx jamais seria um parque público se não fosse a iniciativa da gestão petista. Em atenção a denúncias de entidades ambientalistas, a Prefeitura de São Paulo embargou as obras em andamento (1989) e deu início a um processo de negociação e mudança do projeto, que viabilizou a preservação da mata sem inviabilizar o empreendimento, conquistando: a) preservação da vegetação de valor significativo conforme exigência legal; b) transferência para o patrimônio público sob a forma de parque exatamente da área de mata original e lago de fonte natural; c) cercamento e manutenção da área pela empresa. Em contrapartida, a prefeitura deu a transferência do potencial construtivo da área de terreno doada, acima do previsto em lei, para a área privada remanescente. Sobre o 'escândalo Lubeca', o assessor deveria ser mais cuidadoso: as denúncias de corrupção contra membros da gestão petista foram declaradas infundadas pela Polícia Federal, e o acusador se tornou acusado por calúnia."
Erminia Maricato, ex-secretária de Habitação e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

Imagem da Virgem
"A atitude do bispo da Igreja Universal do Reino de Deus foi um ato impróprio e reprovável. Todavia, a devoção a Nossa Senhora Aparecida não tem base bíblica. Pela palavra de Deus se sabe que a Virgem Maria foi israelita e teve uma só cor. Os inúmeros títulos e imagens da Virgem Maria são produtos de imaginação humana e sem referência bíblica."
Antonio Pacitti (São Paulo, SP)

"Há muito tempo a Igreja Universal do Reino de Deus vem violando a liberdade de culto, ao incentivar ataques a templos e terreiros de religiões afro-brasileiras. Foi necessário, porém, o ataque desrespeitoso à religião dominante para que os meios de comunicação acordassem para o assunto. Como cristão espírita-kardecista, vejo com muito temor o crescimento da ortodoxia religiosa, fato que elimina o lado racional da fé e induz o homem à ignorância."
Rodinei Vander de Oliveira (João Monlevade, MG)

"Como protestante batista e como jurista não posso aceitar a discriminação generalizada contra os protestantes por parte de quase todos, inclusive desta Folha. Indiciar um pastor porque agrediu uma imagem de santa, como se ele tivesse violado um símbolo nacional, como a bandeira ou o hino nacional, é preconceito inaceitável. Que é isso, caras pálidas, esqueceram-se que o catolicismo não é mais religião oficial do país? Esqueceram-se que a Igreja Católica, em nome de Cristo, matou milhares de protestantes desde o século 16 no mundo todo, inclusive no Brasil? Em tempo: a Igreja Universal de Garanhuns já foi atacada por hordas de católicos enfurecidos, na semana passada. Que mais vocês da mídia querem?"
Albérico Pereira de Carvalho (São Paulo, SP)

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