São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 1995
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FHC escala Motta para discutir reeleição

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Fernando Henrique Cardoso já deu o sinal verde para que seja iniciado processo de discussão sobre sua reeleição.
O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, foi indicado por FHC para discutir o tema.
Ao almoçar com empresários ontem, em São Paulo, o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL), informou que está "conversando com membros da equipe" de FHC sobre a reeleição. Mas não falou que o interlocutor do presidente era Motta.
Indagado pela Folha sobre a emenda constitucional que permite a reeleição de FHC, Luís Eduardo respondeu: "O 'timing' (momento certo) é do presidente. Quando ele julgar que é necessário, eu tocarei a emenda".
A Folha apurou que o processo de reeleição de FHC está bem mais adiantado. A primeira conversa sobre o tema entre FHC e Luís Eduardo foi travada há quatro meses. A iniciativa foi do presidente da Câmara.
Depois, houve novas conversas. O sinal mais evidente da disposição de FHC de se reeleger surgiu na segunda-feira da semana passada. Nesse dia, Luís Eduardo esteve em São Paulo para discutir a proposta com Motta.
O presidente da Câmara chegou ao aeroporto de Congonhas de jatinho e foi direto para a casa de Motta, no Alto de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. O ministro se recupera de um implante de pontes de safena.
Após a conversa, Luís Eduardo almoçou com outros amigos no restaurante Massimo. Depois do almoço, voltou a Brasília. "Vim discutir com Sérgio Motta assuntos de interesse do PFL e do PSDB", disse.
Tanto governo federal como presidente da Câmara ainda têm dúvidas sobre que procedimento deve ser adotado para encaminhar o processo de reeleição.
Já existe uma emenda sobre o tema em tramitação no Congresso. De autoria do deputado Mendonça Filho (PFL-PE), ela propõe a reeleição de prefeitos, governadores e presidente da República.
Essa emenda já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça. O projeto necessita agora que Luís Eduardo instale comissão especial para que seja discutido e votado em plenário.
Como se trata de emenda constitucional, há necessidade de três quintos dos votos, em dois turnos de votação -na Câmara e Senado- para sua aprovação.
Mas o governo pensa em outras alternativas. Uma delas seria uma emenda de iniciativa do governo, que poderá tratar exclusivamente da reeleição do presidente.

Momento favorável
Há dúvidas também sobre a época ideal para se votar a emenda. A avaliação do governo é que o momento seria favorável a FHC por causa do que se considera bom desempenho de sua administração.
Há o temor de que a discussão do projeto atropele a reforma constitucional.
É possível que ela só seja apresentada no próximo ano. Teme-se, porém, que o governo de FHC se desgaste, e a emenda enfrente dificuldades para ser aprovada.
Há duas semanas, em Nova York, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), pai de Luís Eduardo, manifestou-se favorável à reeleição de FHC e disse que seria seu eleitor.

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