São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 1995
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Deputados exigem até vôo extra para votar FSE na 4ª

MARTA SALOMON; GUILHERME EVELIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Até a exigência de vôos extras entrou na negociação do FSE (Fundo Social de Emergência). Para aprovar a prorrogação do fundo em primeiro turno na Câmara, deputados querem que as companhias aéreas coloquem vôos extras à sua disposição a tempo de aproveitarem o feriado de Finados, na quinta-feira, 2 de novembro.
A votação em primeiro turno da emenda do governo foi marcada pelo presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), para quarta-feira à noite, véspera do feriado, numa operação de corrida contra o tempo.
Se o cronograma falhar, a prorrogação do FSE ficará inviabilizada, segundo cálculo da liderança do governo.
"É muito arriscada essa votação em cima do feriado", avaliou ontem o líder do PMDB, Michel Temer (SP), autor do pedido de vôos extras. "Trata-se de uma festa religiosa, e é preciso garantir o deslocamento dos deputados para seus Estados", diz Temer.
Os líderes de partidos aliados sustentam que é preciso lotar o plenário da Câmara com, pelo menos, 400 dos 513 deputados.
Sem isso, a prorrogação do FSE, conforme quer o governo, correrá risco de ser rejeitada.
"Quem for do PSDB não terá desculpas para faltar na quarta-feira", avisou ontem o vice-líder tucano, deputado Arthur Virgílio (AM), que exige do partido um comportamento exemplar.

Ameaças
Para tentar convencer seus colegas, Virgílio disse que o governo poderá adotar medidas recessivas caso o FSE não seja aprovado.
Os líderes governistas já começaram a convocar os aliados do Planalto para o que será um dos principais testes de fidelidade da base parlamentar do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Como se trata de uma sessão extraordinária da Câmara, os parlamentares não estarão sujeitos ao desconto de salário -um dos principais instrumentos de pressão em favor do comparecimento ao trabalho.
A prorrogação do FSE é uma das principais batalhas do governo neste ano. A equipe econômica estima um rombo de R$ 3,8 bilhões no Orçamento de 1996 se o Fundo for extinto.
A votação do fundo estava marcada para ontem à noite na comissão especial da Câmara, onde receberia o nome de Fundo de Estabilização Fiscal. Até 19h30 ainda não havia começado.
A comissão estava decidida a reduzir o prazo de prorrogação para 18 meses, bem menos do que os quatro anos pleiteados por FHC.
O governo ainda insiste na possibilidade de ganhar um prazo maior durante as votações no plenário. Mas o líder do PMDB (o maior partido do Congresso) descarta essa hipótese.
"Se o governo precisar de uma nova prorrogação do fundo, vamos analisar mais adiante, no ano que vem", afirmou Michel Temer.
Ele disse que a única chance de conceder um prazo maior para o fundo depende de o governo ceder uma fatia maior dos impostos a Estados e municípios.
(Marta Salomon e Guilherme Evelin)

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