São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 1995
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Para ONG, pobreza é o principal problema

FERNANDO ROSSETTI
VICTOR AGOSTINHO

FERNANDO ROSSETTI; VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A norte-americana Janice Perlman, presidente do Mega-Cities, uma organização não-governamental, transnacional, que cadastra no mundo inteiro soluções urbanas, afirmou ontem em São Paulo que a pobreza, a destruição do meio ambiente e a falta de participação democrática são as características das megacidades.
Megacidades são as metrópoles onde vivem mais de 10 milhões de pessoas. Até o ano 2000, serão 25 megacidades no mundo.
Na opinião de Perlman, "quando for resolvida a pobreza, vai ser solucionado o resto". Mas segundo a norte-americana, que veio ao Brasil participar do seminário "O Futuro das Megacidades", acabar com a pobreza não é tão fácil.
"O sistema de privilégios que criou os problemas urbanos não vai ser o mesmo que vai solucionar a má distribuição de renda e o modelo de destruição do meio ambiente. O capitalismo deu mais liberdade ao indivíduo. O comunismo, mais igualdade. É preciso juntar à liberdade a igualdade e a fraternidade", disse.
Segundo Perlman, "precisa haver uma mudança na lógica do sistema". Ela afirmou que atualmente as grandes empresas estão tendo que gastar muito para se proteger da violência urbana.
"Essas grandes corporações já entenderam que deve ser feito alguma coisa estrutural. Não dá mais para sair de casa e pisar em mendigos nas ruas. É preciso encontrar uma cidade sustentável", disse.
Para o prefeito de Recife, Jarbas Vasconcelos, "há uma dualidade entre a apropriação da riqueza e a perpetuação da pobreza" nas metrópoles. Vasconcelos acredita que deve-se buscar a parceria, a solidariedade e a democracia para conseguir implementar políticas sociais.
Segundo o geógrafo da USP, Milton Santos, "hoje há uma produção globalizada da pobreza". "Pela primeira vez, essa pobreza é resultado de planejamento centralizado", disse.
Perlman criticou o ritmo das Nações Unidas para resolver os problemas urbanos: "É ridículo que a ONU só agora se conscientize que as cidades tenham que se desenvolver com planejamento. Os avanços da ONU são muito lentos". Em junho de 96, a ONU fará uma reunião na Turquia, onde os países se comprometerão a adotar o que for decidido.

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