São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 1995
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Guerrilheiro argentino é extraditado

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

O argentino Enrique Haroldo Gorriarán Merlo, 54, um dos mais temidos guerrilheiros da década de 70, deve depor hoje diante da titular do Juizado Federal nº 1 de Morón, Raquel Morritz Dooglatz.
Gorriarán foi detido no sábado, na Cidade do México, e extraditado na noite de domingo para a Argentina. Ele está preso na guarnição militar de Campo de Maio, em Buenos Aires.
Estava desaparecido desde 1989, quando liderou a rebelião do Regimento Militar de La Tablada contra o recém-iniciado governo de Carlos Menem. A revolta durou 30 horas e deixou 39 mortos, 70 feridos e três desaparecidos.
Desde essa época, Gorriarán estava sendo procurado no Brasil, Paraguai e México por grupos enviados pelo Serviço de Informações do Exército, da Argentina.
No último dia 17 de maio, o guerrilheiro concedeu entrevista a uma equipe da rede argentina Telefé em um local secreto, a 400 km de Buenos Aires.
"Eu não me arrependo do fato globalmente. Que se arrependam os torturadores, os criminosos, os assassinos e os corruptos", disse.
Naquela ocasião, Gorriarán confirmou que foi o autor do atentado que matou o ex-ditador da Nicarágua Anastasio Somoza em Assunção, Paraguai, em 1980.
"Eu tinha um fuzil M-16 e atirei em Somoza com todo o carregador, os 30 disparos."
O cerco ao guerrilheiro fechou-se no último dia 18, quando o serviço secreto argentino recebeu a informação de que ele estaria no México, comemorando seu aniversário com a família.
Os agentes do Side avisaram a polícia federal mexicana, que prendeu Gorriarán por infringir a lei de imigração do país.
"Poderíamos formar um comando para trazê-lo à Argentina. Mas poderia afetar as relações com o México e a sua soberania", afirmou Menem, ontem.
A prisão do homem mais procurado da Argentina deve se transformar em um trunfo para o governo, que é acusado de parcimônia nas investigações dos atentados contra instituições israelitas.
"Este foi um dos grandes feitos do meu governo", disse Menem sobre a prisão de Gorriarán.
Nos anos 70, Gorriarán foi um dos fundadores do grupo guerrilheiro ERP (Exército Revolucionário do Povo), de extrema esquerda. Usava o codinome de "Careca".
O ERP foi responsável pelo sequestro de altos executivos da Fiat e da Esso na Argentina. A primeira vítima, Oberdan Sallustro, apareceu morta.

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