São Paulo, quarta-feira, 1 de novembro de 1995
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Estresse causa acidente de ônibus

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 90% dos acidentes de ônibus que ocorrem nas rodovias, principalmente nos feriados e fins-de-semana prolongados, são causados por estresse ou inexperiência dos motoristas.
A avaliação é da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo Rodoviário de São Paulo (Autcresp). No entanto, o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e a Polícia Rodoviária Estadual não têm como fiscalizar quantas horas o motorista está dirigindo.
No fim-de-semana retrasado 29 pessoas morreram e 41 ficaram feridas em acidentes de ônibus no Pará e no Rio de Janeiro.
Segundo a Autcresp, algumas empresas fazem seus motoristas trabalharem 15 horas por dia nos feriados para não terem de contratar extras. Pela lei, eles só poderiam trabalhar 7 horas por dia.
Outras empresas contratariam extras sem experiência. Desta maneira, para não pagar os encargos sociais aos motoristas profissionais, elas trabalhariam com pessoal desqualificado.
Para o diretor da Autcresp Mário Sujdik, esses fatores são os principais responsáveis pelos acidentes com ônibus nas estradas paulistas, que causaram a morte de pelo menos 47 pessoas esse ano.
Sudjik ainda cita as péssimas condições de algumas estradas e a má conservação de ônibus como outros motivos dos acidentes.
Para a Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de São Paulo, o DER e a Polícia Rodoviária Estadual não têm condições de verificar a experiência do motorista porque basta apresentar uma carteira de habilitação "D" para que ele seja liberado.
O DER diz que não tem como prioridade fiscalizar as horas trabalhadas. "Isso é uma questão trabalhista, competente ao Ministério do Trabalho", disse o diretor Dagoberto Gonçalves. A Polícia Militar Rodoviária também afirmou não poder fazer a fiscalização.
Denúncia
A federação dos trabalhadores rodoviários denunciou em junho à Delegacia Regional do Trabalho o suposto abuso de horas de trabalho imposto ao motorista Eguinaldo Capasso pela Viação Nasser.
Ele trabalharia cerca de 20 horas por dia em São Paulo e ainda faria viagens a Minas Gerais nos fins-de-semana (veja ao lado).
A gerência da Nasser disse apenas que a empresa "está regularizada" e não comentou a denúncia.

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