São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governistas aprovam fundo por 345 a 91

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Câmara dos Deputados aprovou ontem, por 345 votos contra 91, a prorrogação do FSE (Fundo Social de Emergência) até junho de 1997, com o nome de Fundo de Estabilização Fiscal (FEF). Mas a vitória dos governistas ficou pela metade.
O governo não conseguiu manter seus aliados em plenário tempo suficiente para completar a votação. Para evitar uma redução dos recursos que compõem o Fundo ou limitar a sua aplicação, os líderes governistas pediram a suspensão da sessão pouco antes das 20h.
"O governo pode até administrar uma semana de atraso, mas não uma derrota", avaliou o líder do governo na Câmara, deputado Luiz Carlos Santos (PMDB-SP). O líder afirmou que estavam em jogo na sessão mais de R$ 6 bilhões.
"Seria uma loucura continuar esta sessão", afirmou o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), diante da debandada dos aliados.
Ele considerou remota a possibilidade de o governo conseguir manter no Fundo, com quórum reduzido, o dinheiro do Imposto de Renda dos funcionários públicos federais -uma de suas principais fontes de receita.
O esvaziamento do plenário vai provocar um atraso de quase duas semanas na votação da proposta, que ainda terá que ser confirmada em mais um turno de votação na Câmara e pelo Senado.
O Fundo permitirá ao governo, segundo cálculo da equipe econômica, evitar um rombo de R$ 3,8 bilhões nas contas em 1996.
A vitória inicial do governo foi folgada. Houve 37 votos a mais do que o necessário para aprovar a proposta. Para chegar ao resultado, os líderes governistas descartaram a possibilidade de prorrogar o Fundo por um prazo maior.
"O governo se conforma com aquilo que é factível", avaliou Luiz Carlos Santos. "Não há espaço para marola", confirmou o relator da emenda constitucional, deputado Ney Lopes (PFL-RN).
A maioria dos deputados governistas votou contra a proposta de prorrogar o Fundo por dois anos, apresentada pelo deputado Gerson Peres (PPB-PA), o que obrigará o governo a pedir nova prorrogação no fim do ano que vem, logo depois das eleições municipais.
O Fundo remaneja, por ano, uma parcela superior a R$ 20 bilhões do bolo de impostos para gastos do governo, que fica livre de transferências de recursos determinadas pela Constituição. A maior parte do dinheiro tem sido gasta no pagamento de aposentados e pensionistas da União.
O resultado apontado pelo painel eletrônico do plenário no início da noite também foi produto de muita negociação de última hora. Focos de insatisfação contra o governo ameaçaram os votos de pefelistas paulistas, do Maranhão e do Rio Grande do Norte, mas o governo conseguiu eliminar os princípios de crise.

Texto Anterior: Metalúrgicos da CUT ameaçam aderir a greve
Próximo Texto: Ação da Cidadania dá início a campanha
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.