São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995 |
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Basquete entra na era da versatilidade
DAVID DUPREE
No último campeonato, no entanto, a liga se superou. O Houston praticamente reescreveu tudo ao conquistar o bicampeonato em junho. O pivô Hakeem Olajuwon se consolidou como o melhor na posição. O armador Clyde Drexler provou, enfim, ser um vencedor. O ala Mario Elie mostrou o que paciência e trabalho duro podem fazer por um atleta. O ala Robert Horry inscreveu-se na lista dos supercraques. Mas os efeitos do triunfo do time texano vão além das projeções de seus titulares. Com os superpivôs Olajuwon e Shaquille O'Neal conduzindo seus times às finais, as defesas de Houston e Orlando foram desenhadas para impedir que eles controlassem o ritmo de jogo. Isso abriu espaço para a consagração da marcação dupla, da rotação, do espaçamento e dos tiros de longa distância (três pontos). a) Marcação dupla. Para deter os superpivôs, a defesa se vê forçada a deslocar um atleta extra para cercá-lo. A idéia é dificultar os arremessos, forçando os gigantes a passarem a bola. b) Espaçamento. O time que está no ataque precisa espalhar seus jogadores em pontos estratégicos pela quadra. Só assim o superpivô poderá escapar da marcação dupla e fazer um passe eficiente. Se os atacantes estiverem próximos, sem que o espaçamento seja bem feito, um defensor poderá, em tese, controlar dois atacantes. c) Rotação. Ao reforçar a marcação sobre o pivô, a defesa baixa a guarda sobre os demais atacantes, deixando três jogadores contra quatro. O trio precisa girar atrás da bola -perseguindo o atacante que recebe o passe do pivô. As rotações precisam ser rápidas e sincronizadas. Caso contrário, os arremessadores terão caminho livre para tentar a cesta. d) Três pontos. Com um pivô dominante, o time obriga o adversário a fazer a marcação dupla. Daí, é só espacejar arremessadores atrás da linha de três pontos e torcer para que a rotação adversária não funcione bem. Não só o Houston aplicou essa tática em 94-95. Orlando, New York, Charlotte e, às vezes, Indiana também apostaram na idéia. Os Rockets triunfaram porque foram os únicos com quatro bons arremessadores. Os demais tinham, no máximo, três. A nova tática pressupõe, também, que o pivô seja um excelente passador. Não à toa, Olajuwon obteve nas finais uma média de 5,5 assistências. O'Neal foi além, 6,3. Na temporada regular, a média de assistências de todos os pivôs da NBA foi de 2,8. O campeonato que começa amanhã terá novas atrações: os dois times canadenses. Mas, em termos táticos, deverá ser mais conservador. É que nenhum time da liga ainda conseguiu se aproximar dos Rockets, unindo um quarteto de boa pontaria a um pivô que passe bem a bola. Por isso, os Rockets partem como favoritos ao tri. Quem serão os desafiantes? O Orlando, espelho da equipe texana, e o Chicago, que foge à regra e baseia seu jogo no perímetro -graças à genialidade da dupla Michael Jordan e Scottie Pippen. É fazer as apostas. Texto Anterior: Zona de três pontos vira arma fundamental na hora da decisão Índice |
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