São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995
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Comer fora começa a ficar mais barato

Fipe espera 1ª queda em outubro
MAURO ZAFALON

MAURO ZAFALON; SUZANA BARELLI
DA REDAÇÃO

SUZANA BARELLI
Os preços da alimentação fora do domicílio vão registrar queda nos índices de inflação em outubro pela primeira vez no Plano Real.
A previsão é de Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A inflação da terceira quadrissemana do mês (os últimos 30 dias terminados em 23 de outubro e comparados com o período imediatamente anterior) já indica essa tendência.
No período, a alimentação fora de casa caiu 0,5% em relação à quadrissemana anterior.
A queda, no entanto, representa pouco em relação ao aumento acumulado dos últimos 15 meses no setor.
Nenhum dos principais itens de peso no custo do setor teve reajuste de preço acima da variação média da inflação de 40,2% no período.
O maior aumento foi para a água, com 37,6%, seguido pelas bebidas não-alcoólicas (35%) e pelas alcoólicas (32,9%).
Nelson de Abreu Pinto, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo, informa, por meio de sua assessoria, que não tem elementos para responder aos cálculos da Fipe.
Diz apenas que, com o Real, diversos restaurantes enfrentaram dificuldades técnicas para compor custos e preços, o que pode ter resultado em preços maiores no cardápio.
Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que essa redução dos gastos com a alimentação fora de casa é uma prova de que houve reajustes acima dos custos.
O melhor exemplo, diz o economista, são as promoções dos restaurantes para tentar recuperar o movimento perdido com a alta dos preços.
Antonio Alberti Gramada, sócio do restaurante Itália, nos Jardins (zona oeste de São Paulo), conta que baixou de R$ 16 para R$ 13 o preço do seu almoço executivo (entrada e prato principal), reduziu em 20% o preço do cardápio e fez um acordo com seu distribuidor de vinhos para conseguir vender o produto com preço mais barato.
"Tivemos que ajustar os preços para tentar melhorar o movimento", diz Gramada, que comprou o restaurante há dois meses.
Maria Isabel Paes de Barros, dona do Asffamato, restaurante da Vila Olímpia, diz que lançou recentemente o prato executivo, que custa R$ 16, para tentar reverter a queda de até 30% no movimento.
Agora, conta Maria Isabel, todas as reduções de preços conseguidas com os fornecedores são repassadas imediatamente ao cardápio.
"Meu fornecedor reduziu o preço do quilo do camarão de R$ 35 para R$ 23. A diferença, certamente, será passada aos clientes", diz Maria Isabel.
Serviços
O setor de prestação de serviços tradicionalmente consegue repassar preços acima da inflação nos planos econômicos. No Real não foi diferente.
Com a demanda aquecida, e se antecipando a uma eventual aceleração da inflação, restaurantes, bares e lanchonetes salgaram seus preços.
A previsão de alguns desses estabelecimentos falhou porque a inflação não subiu conforme o esperado, e a demanda perdeu força no decorrer do plano.
Agora, 15 meses após a implantação do Real, os restaurantes derrubam preços e aumentam suas promoções para tentar recuperar o movimento.

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