São Paulo, sexta-feira, 3 de novembro de 1995
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Petista diz que falta um plano

JOÃO CARLOS SILVA
DA FOLHA RIBEIRÃO

O novo diretor de Assuntos Fundiários do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o petista Odônio dos Anjos Filho, afirma que falta um plano para reforma, mas acha que o governo FHC pretende resolver o problema.
Ex-presidente da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação) de Ribeirão Preto, Anjos Filho é cotado para concorrer às eleições para a prefeitura da cidade, no próximo ano.

Folha - O que fez um petista, cotado à sucessão à Prefeitura de Ribeirão Preto, aceitar o convite para o governo FHC?
Anjos Filho - Já havia sido convidado para outros cargos, como a presidência do Incra, mas recusei por uma questão partidária e por não ter respaldo político. Desta vez aceitei porque o presidente quer resolver a questão da reforma agrária.
Folha - Qual projeto o sr. vai defender?
Anjos Filho - Tenho que resolver duas coisas importantes. Uma é trabalhar com o passivo do Incra -os 170 acampamentos já existentes- e resolver o problema de uma forma emergencial. Outra questão é traçar um projeto de reforma agrária vinculado ao desenvolvimento.
Folha - O senhor está dizendo que falta um plano para as reformas. É isso?
Anjos Filho - É. Uma estratégia de médio e longo prazo para que se possa fazer o trabalho de levantamento de áreas improdutivas, dentro de diretrizes de desenvolvimento.
Folha - Há espaço para utilização de terras produtivas?
Anjos Filho - Há áreas improdutivas suficientes para dar conta da demanda pela terra. A área produtiva é imaculável.
Folha - E quanto à adoção de impostos progressivos?
Anjos Filho - Isso é um outro instrumento. As mudanças no ITR (Imposto Territorial Rural) dependem do Congresso. Estamos fazendo uma proposta para apresentar. O ITR, no ano passado, arrecadou R$ 150 mil em todo o país. É um absurdo.
Folha - Como o sr. encara a prisão de líderes do movimento dos sem-terra do Pontal do Paranapanema?
Anjos Filho - A Justiça é autônoma. Não adianta falar para o juiz não prender. As duas coisas são ruins. A prisão não leva a nada. A reforma é um problema social que não vai ser resolvido assim. As ocupações também não ajudam em nada.

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