São Paulo, sexta-feira, 3 de novembro de 1995
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Polícia Civil vive clima de desânimo no Rio

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

As investigações da DAS (Divisão Anti-Sequestro) sobre o sequestro de Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Filho, 21, não vem evoluindo desde a frustrada operação, no último sábado, para a libertação do estudante, sequestrado desde o dia 25 de setembro.
Sem pistas de Vieira Filho, os policiais da DAS vivem ainda um abatimento causado pelos dois casos de sequestros resolvidos pela Polícia Militar, com base em ligações feitas ao serviço telefônico Disque-Denúncia.
A cúpula da Polícia Civil avalia que a DAS ficou abalada com os erros cometidos na tentativa de encontrar Vieira Filho na favela de Vigário Geral, no último sábado.
Na ocasião, o governador Marcello Alencar chegou a anunciar a libertação de Vieira Filho para depois viver o constrangimento de negar a informação.
O abatimento da DAS ficou ainda maior anteontem, com a libertação de Marcos Fernando Chiesa.
O cativeiro do rapaz foi encontrado por dez policiais do RPMont (Regimento de Polícia Montada) da PM (Polícia Militar), o mesmo regimento que libertou a estudante Carolina Dias Leite, um dia após o seu sequestro.
Um policial da DAS afirma que a divisão também recebeu uma denúncia anônima anteontem sobre o sequestro de Chiesa, mas não suspeitou que o sítio abandonado fosse o local do cativeiro.
"Nós estivemos no local de manhã. Passamos a uns cem metros da casa, mas não vimos nada. Foi um grande azar", disse o policial, lamentando o fato de que foi a PM que encontrou Chiesa no sítio.
Ele não quer se identificar devido à determinação de silêncio feita pelo governador Marcello Alencar, após o episódio de Vigário Geral.
Pouco depois da chegada de Chiesa à DAS, onde foi prestar depoimento, o RPMont levou à divisão três suspeitos de terem participado do sequestro.
Dois deles foram soltos por falta de provas, e o terceiro, marido da proprietária do sítio onde Chiesa foi encontrado, teve sua prisão temporária decretada na noite de ontem.
Nelson Coelho dos Santos foi preso depois que a polícia identificou Vera dos Santos, sua mulher, como proprietária do sítio. Nelson deve ficar preso por 30 dias.
A DAS não informa se também vai pedir a prisão temporária de Vera.
Sem rumo definido nas investigações do paradeiro de Vieira Filho, a DAS trabalha com três hipóteses sobre a autoria do sequestro. Os policiais suspeitam que o sequestro possa ter sido realizado por um grupo ligado a Miguel Alves da Silva Neto, que já teria atuado em outros sequestros.
Os outros dois suspeitos são um traficante conhecido por "Mimi" e Ricardo Belotti, acusado de ser contrabandista de armas.
Uma das possibilidades levantas pela DAS é que o cativeiro de Vieira Filho esteja fora da cidade ou mesmo fora do Estado.
Os policiais da DAS alegam que a não-colaboração da família de Vieira Filho está dificultando as investigações. Desde o início do sequestro, a família pediu para a polícia se afastar do caso.

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