São Paulo, sexta-feira, 3 de novembro de 1995
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Kabuki honra japoneses na Vila Madalena

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde os tempos yuppies da Nova York dos anos 80, nada é mais moderno do que comer sushi. A moda, com o atraso regulamentar, logicamente também chegou aqui e os restaurantes chineses, antigos campeões numéricos em matéria de comida oriental, foram velozmente ultrapassados.
Os yuppies se foram -mas os sushis continuam sendo devorados, de preferência num apertadinho e exclusivo balcão da Liberdade. Mas pode ser também na Vila Madalena, na efervescência de um restaurante como o Kabuki.
Nada na arquitetura do restaurante lembra a dos tradicionais japoneses. O alto pé-direito, as paredes de tijolo aparente, as telhas à vista, os pisos de tábua lembram mais os bistrôs americanos do SoHo, em Nova York. Sem falar do som ao vivo, com músicos de jazz.
À noite, a casa fervilha. É comum haver espera, mesmo para sentar no balcão de sushi. As pessoas se apinham e o clima parece mais de bar: uma característica que se acentua pelos horários flexíveis; pelas exposições de artistas plásticos que povoam as paredes; e pelo serviço entrar um pouco em parafuso, assim que a hostess recebe o cliente. O espaço do restaurante, que abriu em fevereiro deste ano, foi concebido pelos dois proprietários: Walter Golla, 45, e Rubens de Oliveira, 36, ambos paulistas.
Eles são arquitetos e, em sua atividade, já projetaram desde restaurantes industriais até lojas de fast-food. Chegou então a hora de fazerem sua própria casa, onde até a louça é diferente, desenhada por eles e por amigos artistas.
O cardápio é mais sucinto que o dos japoneses tradicionais. Também tem menos novidades que os japoneses mais ousados. Os sushis e sashimis são bem corretos, embora também escorreguem um pouco quando o movimento chega ao auge. Seus preços, felizmente, não se comportam (para cima) como é comum nos lugares que ficam na moda.
Outra atração vem do balcão de robata, de onde saem espetinhos que podem servir de entrada, ou peixes. Os teppans, servidos na chapa quente de ferro, não trazem surpresa. Um interessante yaki-soba (macarrão frito) vem com frutos do mar; é saboroso, embora os legumes sejam cortados em dimensões exageradas, desproporcionais à massa. E digamos que as sobremesas -como bananas flambadas e creme de papaia- destoam um pouco no cardápio.

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