São Paulo, sexta-feira, 3 de novembro de 1995
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Líderes evitam falar em divisão da Bósnia

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os presidentes da Sérvia e da Croácia se comprometeram a normalizar as relações entre os dois países, resolver a situação dos seus refugiados e respeitar os direitos humanos.
Foi o primeiro resultado positivo da conferência à paz na ex-Iugoslávia que se realiza na base militar de Wright-Patterson, em Dayton, Ohio, Meio-Oeste dos EUA.
Mas as questões concretas de disputa territorial entre Sérvia, Croácia e Bósnia ainda nem chegaram a ser tocadas. Graves diferenças políticas sobre o futuro da região também permanecem sem perspectiva de solução.
O mediador dos EUA, Richard Holbrooke, passou a manhã de ontem se locomovendo entre três prédios idênticos onde estão hospedados os três presidentes e suas delegações para reuniões individuais com cada um.
À tarde, o sérvio Slobodan Milosevic e o bósnio Alija Izetbegovic se reuniram, e o croata Franjo Tudjman voltou a seu país. Tudjman volta a Dayton semana que vem, para discutir os territórios croatas ocupados por sérvios.
O secretário de Estado, Warren Christopher, impôs como condição à participação de tropas dos EUA na manutenção da paz na região a saída do poder do líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic.
Christopher disse que Karadzic e seu comandante militar, Ratko Mladic, são criminosos de guerra. Karadzic não foi convidado para a conferência de Dayton, e seus interesses estão sendo representados por Milosevic.
Na noite de anteontem, o presidente Bill Clinton fracassou em mais uma tentativa de convencer os principais líderes do Congresso sobre a necessidade de os EUA enviarem tropas à ex-Iugoslávia.
O presidente da Câmara, Newt Gingrich, disse que a rejeição do público dos EUA a essa proposta é maior agora do que há um mês e que Clinton não tem conseguido mudar esta tendência.
Pesquisa de opinião pública da TV NBC indica que 51% dos consultados se disseram contrários ao envio de tropas dos EUA à ex-Iugoslávia, e 43%, a favor.
Clinton assumiu compromisso com as Nações Unidas de mandar 25 mil soldados para integrar as forças de paz, assim que um acordo for assinado em Dayton.
A ONU anunciou ontem que o jornalista norte-americano David Rohde, do jornal diário "Christian Science Monitor", de Boston, está em poder de soldados sérvios na Bósnia, na cidade de Pale.
Rohde, 28, estava desaparecido desde o último sábado. Ele é o correspondente do seu jornal na Europa Oriental, e estava em missão na ex-Iugoslávia quando foi capturado por soldados sérvios.
A ONU só disse que Rohde está vivo e que seus funcionários na Bósnia estão se esforçando para liberá-lo. O jornalista foi localizado depois que seus pais dirigiram um apelo ao presidente da Sérvia em Dayton.
(CELS)

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