São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995
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Classe média paga mais por energia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo autorizou ontem aumento para as contas de luz residenciais. O maior percentual de reajuste, de 94,44%, vai atingir as pessoas de mais baixa renda, aqueles que consomem apenas 30 quilowatts/hora (KWh) por mês.
Essa conta, hoje de R$ 0,66, vai passar para R$ 1,28. O governo reduziu o subsídio que concedia aos consumidores residenciais.
Para a indústria e comércio, os percentuais ficaram entre 0,53% e 32,40%, dependendo do Estado e da empresa de eletricidade.
Em São Paulo, os aumentos para a classe média variam de 23,20% até 62,10%, dependendo da faixa de consumo. A conta de um cliente que gasta 220 KWh por mês, por exemplo, subirá 23,20%. Quem consome 230 KWh por mês pagará 62,10% mais.
O aumento passa a vigorar a partir desta terça-feira para a maior parte do país. Em São Paulo, no entanto, a vigência das novas tarifas depende de as companhias estaduais colocarem em dia pagamentos ao governo federal.
Segundo o diretor do Dnaee (Departamento Nacional de Água e Energia Elétrica), José Said de Brito, a dívida em atraso da Eletropaulo, Cesp e CPFL é de R$ 1,6 bilhão.
O governo modificou a estrutura de subsídio residencial. Antes, havia um sistema de desconto que beneficiava todas as faixas de consumo. Assim, todos os clientes tinham 82% de desconto nos 30 primeiros KWh consumidos; do 31º ao 100º KWh, o desconto era de 55%; do 101º a 200º KWh, 25%; a partir do 201º, não havia subsídio.
Agora, existe um teto para os descontos, que varia de Estado para Estado. Em São Paulo, quem consome mais que 220 KWh por mês vai ficar sem subsídio.
No Rio de Janeiro e Nordeste, o teto é de 140 KWh; em Minas Gerais, de 180 KWh; na região Sul, de 150 KWh; e na região Norte, de 200 KWh.
Na prática, isso equivale a dizer que um cliente de São Paulo que gastar mais que 220 KWh por mês vai pagar a tarifa sem descontos, do primeiro ao último KWh.
A fórmula vai gerar distorções. Em São Paulo, por exemplo, um cliente que consumir 220 KWh vai pagar R$ 23,08. Se outro cliente gastar 201 KWh, vai perder os subsídios e, assim, pagar R$ 32,26. Esse 1 KWh adicional custará R$ 9,18.
Para quem consome abaixo do teto, o subsídio permanece -mas será menor. Os 30 primeiros KWh consumidos têm desconto de 65%, do 31º ao 100º KWh, desconto de 40%; do 101º ao 200º KWh, de 10%; do 201º KWh em diante, paga-se tarifa plena.
Para a indústria e comércio, o governo autorizou percentuais de reajuste menores, que variam para cada empresa. Na CESP, o reajuste será de 20,48%; na CPFL, de 7,81%; e na Eletropaulo, de 23,84%.

LEIA MAIS
sobre o reajuste na página 2-3

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