São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995
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Explosão em fábrica de armas mata 9 na Argentina

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

Uma fábrica de armamentos militares explodiu ontem, às 9h05 (10h05 de Brasília), em Rio Tercero, na Província de Córdoba, Argentina.
Oficialmente, nove pessoas morreram e outras 330 ficaram feridas. Uma das vítimas fatais estava em um ponto de ônibus a 24 quarteirões da fábrica. Há estimativas de que 200 pessoas estariam trabalhando no momento da primeira explosão e não tiveram chance de escapar.
O ministro da Defesa, Oscar Camillión, descartou a hipótese de que a explosão seja resultado de um atentado. Afirmou também que a explosão teria começado em um depósito de morteiros.
A Fábrica Militar Rio Tercero é parte de um complexo de produção de armamentos, ácidos e peças. No local da explosão, eram fabricados projéteis para baterias antiaéreas e peças de artilharia.
Segundo dados do Ministério da Defesa, 787 pessoas trabalhavam na fábrica, que era propriedade das Forças Armadas e estava localizada em um bairro militar.
O presidente argentino, Carlos Menem, embarcou em um helicóptero para Rio Tercero na tarde de ontem.
Os ministros Carlos Corach (Interior), Oscar Camillión (Defesa), Eduardo Bauzá (chefe de gabinete) e o chefe do Estado-Maior Geral do Exército, Martín Balza, saíram apressadamente de uma reunião na Casa Rosada, a sede do governo, rumo ao local.
As explosões sucessivas prosseguiram por toda a tarde. Quarteirões inteiros foram destruídos.
Projéteis e estilhaços foram lançados por todas as partes e causaram acidentes em residências e nas ruas da cidade. Boa parte da população de Rio Tercero, de 30 mil habitantes, foi retirada ou fugiu.
As equipes de resgate não conseguiam entrar na fábrica, à tarde, por causa das sucessivas explosões e da alta temperatura.
Cerca de cem carros de bombeiros estavam mobilizados, mas sem poder atuar. Oito hospitais da cidade e redondezas tiveram suas equipes reforçadas.
O governador de Córdoba, Ramon Mestre, decretou estado de emergência na cidade. A energia elétrica foi cortada. O grande temor era que o incêndio se expandisse para outras unidades do complexo, como a fábrica de ácidos ou as petroquímicas vizinhas.
Segundo denúncias da jornalista Monica Maniola, que investigou as condições de trabalho na fábrica durante cinco anos, houve negligência das Forças Armadas. Em entrevista à Rádio Mitre, ontem, Monica afirmou que explosões de menor porte eram frequentes e que a fábrica era considerada uma bomba-relógio.
“Não havia nem sequer os equipamentos mínimos de segurança para os trabalhadores, como luvas e botas”, afirmou.

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