São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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DESAPARECIDOS

Renato Gaúcho, 33, jogador de futebol: "Pulei a janela de casa com 17 anos para me tornar jogador profissional do Grêmio. Meus pais não queriam me deixar ir porque já tinham a experiência de um irmão que foi para o Internacional e não deu certo. Combinei com o técnico Spinoza de fugir. A gente armou tudo em Bento Gonçalves (RS), onde eu morava, para me levarem para Porto Alegre. Avisamos a meus pais quando não havia mais possibilidade de retorno."

Luciana Vendramini, 23, modelo e atriz: "Vivia fugindo de casa na adolescência. Morava em Jaú (SP), e meu pai inventava uma porção de coisas para prender a gente em casa. Eu não queria saber, pulava a janela e um muro de cacos de vidro, arrastava minha Mobilete desligada, para não fazer barulho, até o portão e me mandava. Meu pai ficava possesso. Às vezes, ele me esperava do outro lado do muro, com uma lanterna. Eu fingia que era sonâmbula."

Elke Maravilha, 50, jurada de programa de auditório: "Quando tinha oito anos de idade morava em uma fazenda no interior de Minas e vivia fugindo. Pegava o cavalo e saía pelas fazendas vizinhas. Passava até dois dias sumida dos meus pais, dormindo na casa dos empregados, até que me achavam. Apanhava muito, mas gostava de me sentir livre."

Gracindo Jr., 52 anos, ator: "Saí de casa aos 15 anos, porque não concordava com a educação rígida que meu pai me submetia. Ele, por sua vez, fugiu de casa pelo mesmo motivo: prestava serviço militar e fazia faculdade de Direito em Recife, mas queria ser ator. Aproveitou uma marcha de um pelotão, na Revolução de 30, e veio para o Rio."

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