São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Dirigentes amadores assumem por vaidade

TELÊ SANTANA

Quando se aproxima a época de eleições num clube de futebol, como é o caso do São Paulo, algumas pessoas interessadas em cargos fazem estardalhaço por qualquer coisa.
Aproveitando a má situação do São Paulo no Campeonato Brasileiro, alguns ex-diretores tentaram, novamente, desestabilizar o ambiente no clube.
Eles não são verdadeiros são-paulinos, estão atrás de cargos que, de uma forma ou de outra, possam favorecê-los.
Repito: não sou eterno. Tenho consciência de que fiz um bom trabalho.
Assumi o time em uma situação ruim, inclusive do ponto de vista financeiro, e os resultados foram os melhores.
O atual momento do São Paulo pode, ao menos, trazer à tona a discussão sobre a profissionalização dos dirigentes.
Se um clube for administrado como uma empresa, a dança dos técnicos vai diminuir.
O problema é a presença de dirigentes amadores, que não são remunerados e assumem cargos por vaidade, por interesse em seguir carreira política, ou por outro motivo qualquer.
São dirigentes assim que não sabem ou não querem organizar calendários decentes, campeonatos interessantes e geram a bagunça que conhecemos.
O importante, para mim, é saber que os jogadores gostam da minha pessoa, aprovam o meu trabalho.
Quanto ao meu futuro, até dezembro eu continuo no São Paulo. Conversei com o presidente Fernando Casal de Rey, que tem me apoiado nos bons e nos maus momentos, tem se mostrado uma pessoa leal.
Tenho proposta do América-MG, que não me impede de continuar no São Paulo.
No América-MG, eu fui convidado para fazer um serviço à parte, colocaria assessores que seriam os responsáveis por um trabalho de base.
Ou seja, a minha presença diária no clube mineiro não seria necessária.
O América pretende receber garotos de outros países, especialmente japoneses e coreanos, para fazerem clínicas de futebol em Minas Gerais.
Os diretores do clube estão construindo alojamentos para abrigar a garotada.
Um intercâmbio com outros países é muito proveitoso para todos os lados. Atualmente, a Ásia está muito interessada em desenvolver seu futebol.
No Brasil, precisamos desenvolver um trabalho de base para o esporte nacional.
Como eu sempre estive voltado para a formação de valores, e meu trabalho no São Paulo é a maior prova disso, acho que iniciativas como a do América-MG são louváveis.

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