São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Bienal francesa terá brasileiros

ADRIANO SCHWARTZ
DA REDAÇÃO

Cinco poetas brasileiros participam, de 9 a 19 de novembro, da 3ª Bienal de Poetas em Val-de-Marne, na região de Paris (França), que vai reunir mais de 35 autores de países como Estados Unidos, Cuba, Hungria, França, África do Sul e Rússia.
Irão à bienal francesa Haroldo de Campos, Nelson Ascher, Régis Bonvicino, Duda Machado e Lenora de Barros. Também foi convidada a poeta Josely Vianna Baptista, que não participará por problemas de saúde.
É a primeira vez que o Brasil terá representantes no encontro, no qual já estiveram importantes nomes da poesia contemporânea, como os norte-americanos Michael Palmer e Susan Howe, o russo Victor Sosnora, o português Nuno Judice e o francês Michel Deguy.
Em texto escrito para a antologia da primeira bienal, em 91 (a outra, de 93, também resultou em uma antologia), o poeta e tradutor Henri Deluy, diretor do evento, disse que a bienal pretende, entre outras coisas, "internacionalizar os encontros de poetas de diferentes línguas".
Deluy, que é também diretor da revista "Action Poétique", esteve no Brasil em junho do ano passado para selecionar os participantes.
Paralelamente à bienal, deve ser lançado um número especial da "Action Poétique", dedicado apenas à poesia brasileira, que trará traduções francesas de poemas de vários autores brasileiros vivos.
Segundo Régis Bonvicino, que acaba de lançar "Primeiro Tempo" (Perspectiva), os poetas mais importantes da bienal são o brasileiro Haroldo de Campos e o argentino Saúl Yurkievich. Para ele, a relevância da bienal está no intercâmbio que ela propicia.
"Não é uma bienal de consagração, mas de trocas. Seria muito bom que isso acontecesse no Brasil. Se ela serve para alguma coisa, é para mostrar a importância da poesia no cenário internacional."
Outro fator fundamental, de acordo com ele, é a "perspectiva pedagógica do encontro". As sessões de leitura vão ocorrer em diversos lugares, como bibliotecas, escolas e até em uma penitenciária, o que implica um público variado.
Para Nelson Ascher, poeta, tradutor e articulista da Folha, autor de "O Sonho da Razão" (34 Letras), a bienal aumenta a perspectiva de internacionalização da poesia brasileira. "Não há quase nada do Brasil lá fora, talvez uma coisa ou outra de Drummond ou de João Cabral. Quem sabe essa bienal possa ajudar a quebrar o gelo."
Duda Machado, autor de "Crescente" (Duas Cidades), se surpreendeu com o convite para participar do evento. "Ainda não conhecia a bienal, fiquei surpreso com a proposta."
Para ele, a leitura em voz alta de poemas é uma incógnita. "Não leio com frequência a um público. É uma experiência muito interessante, mas, na verdade, a leitura será feita para pessoas que não conhecem a nossa língua. Não é possível saber como os poemas serão traduzidos, há uma certa imprevisibilidade."

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