São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HC passa a atender pacientes particulares

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo está abrindo suas portas para convênios de saúde e pacientes particulares. A intenção é arrecadar cerca de R$ 60 milhões ao ano para investimentos em salário, infra-estrutura e pesquisa.
O valor equivale ao que o HC recebe anualmente do Ministério da Saúde pelas cerca de 4.000 internações mensais e 5.000 consultas diárias. Outros R$ 230 milhões são repassados pelo governo do Estado de São Paulo dentro do Orçamento anual.
Alberto Hideki Kanamura, superintendente do hospital, diz que os convênios e particulares não devem ultrapassar 15% do atendimento público do HC.
O dinheiro do ministério entra através da Fundação Faculdade de Medicina e vem sendo empregado na complementação de salários. O reforço de caixa esperado com o novo programa também será gerenciado pela fundação.
"O HC vem enfrentando uma grande evasão de funcionários, especialmente na área de enfermagem", diz Kanamura.
O Estado paga cerca de R$ 500 por mês para um enfermeiro. A fundação vem dobrando esse salário. Com o novo programa, pretende-se triplicá-lo, igualando-o aos valores do mercado.
Segundo Kanamura, cerca de 30% das vagas de enfermagem e auxiliares não estão preenchidas por falta de candidato. "O HC vem treinando profissionais que depois vão para a iniciativa privada", diz o superintendente.
O programa de abrir o hospital para convênios e particulares já vem sendo testado pelo HC em alguns de seus institutos. Ele se inspira na experiência do Instituto do Coração, iniciado há dez anos. Quase 50% da receita do Incor hoje vem de empresas e particulares.
Segundo Kanamura, o HC já tem acordo com cerca de 40 convênios de saúde, a maioria de empresas estatais. "Estamos informando as empresas e a população sobre esse programa", afirma.
Para "vender" a idéia e atrair convênios e pacientes, o HC está jogando com a imagem de hospital referência. "Nosso mote de venda não será a hotelaria, mas a competência técnica. Os pacientes terão o conforto necessário e uma excelente equipe de profissionais."
Itamar Marinho, diretor da Associação dos Servidores do HC, diz que o programa prejudicará o atendimento aos pacientes que não podem pagar. "As filas serão maiores ainda. Hoje já se espera até dois anos por uma cirurgia e três meses por uma consulta."
Kanamura garante que o atendimento não será prejudicado. "Com melhores salários, teremos maior rendimento", afirma.

Texto Anterior: Grupo de 23 presas foge de cadeia em SP
Próximo Texto: Caminhada lembra morte de Zumbi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.